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VILA NOVA DE FOZ CÔA - GUARDA


Apontamento AuToCaRaVaNiStA:
A Vila de Foz Côa, é um Concelho Português pertencente ao Distrito da Guarda,
Local de Pernoita no parque destinado a Autocaravanas, muito perto do centro da Vila já engalanada para a Feira Franca que decorreu este ano a 25/26 de Fevereiro, com todo o programa das festas das Amendoeiras em Flôr a decorrer até Março de 2012. A Área de Serviço para Autocaravanas, fica na Pista de moto-crosse. Estrada em terra batida, e para sair, uma subida à motocrosse em autocaravana, que em dias de chuva não sei não!

Ãrea de Serviço para Autocaravanas:
COORDENADAS Até ao corte para o caminho da pista de moto-crosse:
N 41º 04' 030" - W 07º 09' 294"
Veja estas e outras A.S.A.s em Portugal, na nossa Base de dados neste Portal



              HISTÓRIA:

 As recentes descobertas do Vale do Côa levam-nos a procurar as origens destas gentes no «homem do paleolítico», que há cerca de 20.000 anos desceu o vale e os vales vizinhos (incluindo os do rio Douro), pescando e caçando para sobreviver, gravando com «silex» os painéis do rijo xisto de ambas as margens, por ali se mantendo ou vagueando os seus descendentes, homens do Mesolítico, Neolítico, Calcolítico, Bronze e Ferro, numa sucessão de gerações inter-milenares, que se sucederam c completaram. Assim, na Canada do Inferno, no Vale de Figueira, no Vale de José Esteves, no Vale Cabrões, gravuras do Paleolítico e de períodos posteriores marcam bem a presença humana na área que hoje é termo de Vila Nova de Foz Côa.


No Castelo Velho do Monte Meão poderemos vir a encontrar vestígios pré-históricos, se bem que a muralha visível nos leve tão somente à Idade Média ou, mesmo, ao período de ocupação romana. Só sondagens arqueológicas poderão dar resposta a esta constante interrogação das pessoas, desde a visita ao local, no século XIX, do Abade de Miragaia.
Não será descabida a hipótese de tentar localizar, no lugar do Castelo, vestígios de um povoado da Idade do Ferro. Imensos vestígios líticos encontram-se nas imediações! No Paço são abundantes os vestígios de ocupação do período romano, o que nos leva a supor estarmos (ali no Castelo) perante um «Castro Romanizado»! No lugar do Azinhate sondagens arqueológicas permitiram recolher alguns materiais dos finais da Idade do Ferro, do período Romano e ainda da Idade Média, o que leva a referenciar, naquela veiga planáltica, uma ocupação ultra-secular continuada. Aliás, a julgar por notícias recentes, a Ara votiva que se encontra na Matriz de Foz Côa, dedicada a Júpiter, teria sido oriunda deste sítio.

 Nos primórdios da Nacionalidade deve a terra ter sido arrolada pela Coroa, mantendo-se durante muito tempo como «terra reguengueira». Assim se explicará a sua não dependência do então município de Numão, bem como a disponibilização e vontade de D. Dinis em lhe conceder foros e mercês.

Recebeu o seu primeiro foral de D. Dinis, que lho outorgou em 21 de Maio de 1299. Nessa época, Foz Côa compreendia os seguintes limites: para além da Vila Nova, o lugar da Veiga de Santa Maria com seu termo; o Azinhate; Aldeia Nova, que por sua vez chegava ao termo de Vale de Boi, e daí o termo ia em direcção à Portela de Anovia, Muxagata, seguindo para o Côa até ao Douro. O foral dionisino reflecte já um processo de anexação, uma vez que a descrição do termo individualiza alguns lugares. Refira-se ainda que poucas décadas antes, no reinado de D. Afonso III, o lugar da Veiga foi objecto de uma Carta de Composição entre as Câmaras de Numão e da Vilariça.


O segundo foral foi-lhe também atribuído pelo mesmo monarca, que o fez, em Lisboa, a 24 de Julho de 1314. Entre as doações fernandinas, de 1 de Fevereiro de 1371, a favor de Fernando Afonso de Zamora figura também Foz Côa. O mesmo monarca, em 1373, torna a doar as terras de Foz Côa, mas agora a Rui Vasques Fernandes.

Segundo Pinho Leal, Foz Côa foi fundada por D. Dinis, tendo sido elevada à categoria de vila com D. João I. Esta opinião não nos parece ser a mais correcta, porque é precisamente com D. João I que Foz Côa sofrerá uma diminuição da sua autonomia administrativa. Foz Côa principiou a perder privilégios nos finais do século XIV, mais precisamente no reinado ele D. Fernando I e depois, ao iniciar-se a 2ª Dinastia. Em 15 de Julho de 1377, concede D. Fernando à Torre de Moncorvo a adua de Vila Nova de Foz Côa. Em 1385, o Mestre de Avis, estando no cerco de Torres Vedras, deu por termo e jurisdição à sua vila ele Moncorvo a «aldeia» de Vila Nova de Foz Côa. Este acto veio mais tarde a ser confirmado após a subida ao trono de D. João I. D. João I usou Vila Nova de Foz Côa, como terra reguengueira que era, para a sua política de captação de simpatias e apoios para a sua causa. Para além da anexação a Moncorvo, um dos pontos que estrategicamente mais interessava conservar e apoiar, D. João I pagou ainda outros apoios com rendimentos recolhidos em Foz Côa. Passada a crise nacional dos fins do século XIV, Vila Nova de Foz Côa assume o seu lugar de concelho, recebendo a confirmação dos seus privilégios por D. Duarte e por D. Afonso V. entre os senhores de Vila Nova de Foz Côa encontra-se Vasco Fernandes Coutinho, 1º Conde de Marialva.

Teve foral novo de D. Manuel I, em 16 de Julho de 1514, isto numa época em que teria uma população de cerca de 152 moradores, como indica o numeramento de 1527.

Sabemos que ao longo do século XVI, teve Vila Nova de Foz Côa uma demanda com o concelho vizinho de Moncorvo quanto aos direitos de passagem da barca do Douro. Este não foi, todavia, o único conflito em que se viu envolvida, dado que em 2 de Janeiro de 1551, publicou-se uma sentença contra a câmara por se opor à entrada em correição do corregedor da comarca, sem para tal ter privilégios. A administração civil era exercida por um ouvidor, 2 juizes ordinários, 2 vereadores, 2 tabeliães, 2 almotacés, escrivães, alcaide, meirinho da ouvidoria, capitão e sargentos-mores com duas companhias de ordenanças e uma de auxiliares sujeitas à praça de Almeida.

Em 1708 eram senhores da Vila os Condes de Portimão. Os marqueses de Abrantes possuíram também um morgado em Vila Nova de Foz Côa.
O século XIX foi particularmente violento em Foz Côa. Questões religiosas e políticas estiveram no despoletar dessas situações. Acrescente-se ainda que Vila Nova de Foz Côa viu nascer ao longo deste período um grupo de homens de qualidades invulgares, com projecção a nível nacional e que muitas das vezes combateram em partidos diferentes. Recorde-se o vintista José Joaquim Ferreira de Moura, o miguelista Joaquim José de Campos Abreu e Lemos, o setembrista Francisco António de Campos, 1º Barão de Vila Nova de Foz Côa e o cabralista António Joaquim Marçal, isto para citar apenas alguns, que passado mais de um século, ainda hoje é difícil falar sem tomar algum partido.

 O concelho de Vila Nova de Foz Côa, beneficiando do desaparecimento de outros concelhos na região, viria finalmente, em 1872, a ganhar os contornos que ainda hoje o caracterizam.
Passemos, agora, a citar excertos da obra "História da Diocese de Lamego", do Dr. Manuel Gonçalves da Costa:
No âmbito eclesiástico, as referências antigas provocaram certa confusão que vamos tentar desfazer através da análise aos documentos segundo as leis da crítica comparativa. Na taxação de 1321, Santa Maria da Veiga pagou 50 libras, enquanto Foz Côa não vem sequer mencionada. Gozou, além disso, da categoria de abadia da apresentação real, tendo chegado até nós os nomes de alguns párocos, como Padre Mendes, que, em Janeiro de 1305, se comprometeu a pagar à Sé de Lamego um tanto por motivo de visitação, como já referimos algures. A 28 de Março de 1488, a apresentação de Luís Martins à igreja da Senhora da Veiga incluiu a «sua anexa de Fozcoa», por ter falecido o reitor desta última, Álvaro Anes, «vosso cantor». Já anteriormente, mas dentro do mesmo século, se mencionam outros reitores, como Fernando Vasques, por cujo falecimento foi nomeado, para o seu lugar, Martim Rodrigues, a 8 de Dezembro do 1463. Por outro lado, dois anos depois de subir ao trono, D. Manuel colocou à frente da mesma igreja o seu capelão João de Melo, por permuta com o abade Lopo Afonso, ao qual largou Santa Comba de Chancim, que era do padroado de Afonso Vaz de Sampaio; a em 1537, aparece também designado por abade o pároco de Vila Nova, D. Álvaro da Costa, que auferia o rendimento anual do 60 mil réis.


Em conclusão: a igreja do Foz Côa não obteve o título do matriz antes da conclusão do templo actual, principiado, muito provavelmente por D. João II, mantendo-se durante a Idade Média coma simples reitoria anexa a Santa Maria da Veiga. A importância desta advínha-lhe da própria antiguidade e da sua situação no lugar de passagem da barca de Moncorvo, centro de procissões de vários concelhos na segunda-feira depois do domingo in Albis, continuadas muito para além da Idade Média quando ficou reduzida a simples capela privada de direitos paroquiais.



A par de Vila Nova, Ievantava-se Aldeia Nova, com a igreja de Santa Maria, do padroado real e que, segundo os citados autores, foi fundada após a anexação de Riba-Côa a Portugal, ou por ter aumentado a população, ou com a fim de acolher os que abandonaram Azínhate por demasíado perto da fronteira com Leão. Nesta capela festejavam os estudantes Santa Luzia. Em honra da Senhora da Veiga promoviam os lavradores grande solenidade na matriz, no dia 8 de Setembro. São Sebastião, não longe do antigo cemitério, era o padroeiro dos sapateiros, enquanto Santo António, ao lado do Campo da Feira, recebia as homenagens dos cordoeiros. No dia da sua festa e em outros, corriarn-se ali touros criados no Monte Meão, costume que se manteve até meados do século passado. A maioria dos artesãos de Vila Nova moravam à volta do largo da Senhora da Conceição. A festa da Senhora do Amparo, no sítio do Azínhate, estava a cargo dos almocreves, e a Santa Bárbara, mais para nascente, solenizavam-na os cavadores com procissões, corridas de touros e outras manifestações de gosto popular. A airosa capela de Santa Quitéria, particular, reconstruída no século XVIII e ornada de belos azulejos, altares de talha dourada, acabaria por cair em ruínas nos meados do século seguinte. São Miguel que deu nome ao largo mas tarde conhecido por Campo da feira, ou da Lagoa, foi também demolida na mesma época para possibilitar o alinhamento da rua principal. Entrava-se nela por uma galilé e achava-se circuitada de diversos cobertos para use dos feirantes. A festa celebravam-na os moradores extra-muros. Até aos finais do século XVlll, mantinham-se ainda em pé as ermidas da Senhora da Encarnação e da Expectação, além da igreja da Misericórdia recordada, segundo parece, no nome duma rua.


 Na terra fixou-se uma grande colónia de Judeus que fizeram prosperar a vila graças ao seu génio laborioso a de grande capacidade para a indústria. Os que se mantiveram após a infeliz expulsão decretada em 1496, continuaram confinados na judiaria do bairro do Castelo que conservou a designação de «Bairro dos Judeus», mesmo depois de extinta a divisão entre cristãos-novos e cristãos-velhos. D. Joaquim de Azevedo taxa injustamente de preguiçosos os fozcoenses pelo facto de se entregarem menos à agricultura do que ao comércio, ramo em que se mostram destros. Pare este autor, só o amanho da terra merece o título de trabalho. Reconhece porém que a fábrica de atanados e cordovões contribuiu para o enriquecimento de muitas famílias.



               Património;

Sobre as duas mais imponentes obras arquitectónicas de Vila Nova de Foz Côa, PELOURINHO a IGREJA MATRIZ, nada melhor do que continuar a citar o Dr. Gonçalves da Costa:

A actual matriz é, sem contestação, a obra mais notável da Beira no seu género arquitectónico, com relevo para a fachada mantida quase intacta até nossos dial. O acesso ao interior fazia-se através dum pequeno pátio do qual arrancava uma escada sustentada por dois pilares, de acesso ao campanário. Abriam-se também entradas nos panos laterais, sendo a do lado Sul conhecida por porta do sol. As três naves interiores demarcadas por altas colunas cilíndricas não fugiam ao estilo da região, bem como o púlpito do pedra assente num pedestal, em forma de cálice, mas despido de ornatos.
Resumimos a seguir a apreciação que do monumento apresentaram dois críticos de arte:

Templo gótico-manuelino dos maiores a mais belos monumentos de Portugal. O principal valor reside no desenho a lavor do alçado frontal, obra-prima a lembrar algum dos Arrudas que nessa época orientava trabalhos do outro lado do Douro. O pórtico, esmeradamente moldurado, ostenta ornatos encurvados, duas esferas armilares, uma com a cruz de Cristo, outra com a flor de lis, dois escudos régios peculiares da época do Venturoso, e a Virgem com o Menino.


Ladeiam-no contrafortes prismáticos a no alto recorta-se singela rosácea para iluminação do coro. O campanário, de três sineiras, parece reportar-se ao restauro do século XVIII. O corpo da igreja, um tanto atarracado, desenvolve-se em três naves separadas por seis colunas relacionadas entre si por arcos abatidos, com os laterais mais baixos por exigência da cobertura. Na capela-mor pode admirar-se um tríptico quinhentista sobre madeira.


Segundo o emérito investigador de arte, Prof. Dr. Vítor Serrão, as pinturas que se encontram na capela-mor da Igreja Matriz são da autoria do pintor português de quinhentos, António Leitão, cuja obra está também representada no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.

Deve atribuir-se à mesma época o esbelto pelourinho levantado na praça, em face da Câmara, com fuste de secção quadrada cingido a meio por anel também quadrado, tudo profusamente decorado de ornamentações caprichosamente entrelaçadas. Do tabuleiro arrancam quatro pináculos rematadosem coruchéu com a esfera armilar e uma flor de lis.

Do Património Religioso temos ainda a salientar:

- Capela do NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO - de raiz medieval mas com elementos introduzidos no século XIX!

- Capela do SENHOR DOS AFLITOS - de 1898, com valor arquitectónico restrito.

- Outras Capelas descaracterizadas, tais como S. Sebastião, Senhora da Aldeia Nova, Senhora do Amparo (Azinhate).

- Capela de S. PEDRO, de raiz medieval (restaurada no presente século pelo Sr. Cónego Marrana). Tem nave única, pórtico românico em arco de volta perfeita ornamentada com esferas.

- Capela de SANTA QUITÉRIA - do século XVII, e da qual se diz ter sido a antiga Sinagoga. Tem o pórtico em arco do volta perfeita encimado par painel azulejar com figuração da Anunciação.

- Capela de SANTO ANTÓNIO - Datada do 1787, e estilo barroco, com nave única; pórtico e fenestração apresentando características marcadamente barrocas (ornatos curvilíneos, concheados, volutas), bem como o coroamento da frontaria; altares em talha barroca.

- Capela de Santa Bárbara - do século XIX, com pórtico em arco abaulado com molduras simples.

No Património Arquitectónico Edificado temos ainda a salientar a existência de casas solarengas, tais como a casa do Conde de Pinhel e a Casa da Viscondessa do Foz Côa, entre outras.

O edifício doe PAÇOS DO CONCELHO é de 1858 e substituiu um provável edifício seiscentista, que se tornou demasiado pequeno para as necessidades do concelho, agora (1855) a receber as freguesias dos extintos concelhos de Freixo de Numão, Marialva e Almendra. A porta principal é em arco abatido enquadrado por pilastras estriadas e encimada por janela de sacada. Apresenta armas de D. Pedro V e frontão sem retorno.

Do CASTELO, construído no reinado de D. Afonso V, restam-nos alguns «panos de muralha» e a denominada «Torre do Relógio» que, hipoteticamente, poderá ter pertencido à cintura amuralhada da Vila (modificada posteriormente!).

Da Arquitectura Judaica resta-nos muito pouco, talvez devido aos muitos restauros e alterações no tecido urbano, devendo ser preservadas as casas com «balcoada em xisto» ainda existentes na zona do Castelo!

Vila Nova de Foz Côa foi elevada à categoria de cidade por Lei publicada no "Diário da República", 1ª série, em 12 de Julho de 1997.

Bibliografia
António N. Sá Coixão e António R. Trabulo, Por Terras do concelho de Foz Côa - Susídios para a sua História - Estudo e Inventário do seu Património, Vila Nova de Foz Côa, Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, 2ª edição - 1999.

António N. Sá Coixão e António R. Trabulo, Evolução político-administrativa na área do actual concelho de Vila Nova de Foz Côa : séculos XII a XX, Vila Nova de Foz Côa, Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, 2ª edição - 1995.

António N. Sá Coixão e António R. Trabulo, A Primeira República no concelho de Vila Nova de Foz Côa, Vila Nova de Foz Côa, Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, 2ª edição - 1995.

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ALMENDRA - V.N. DE FOZ CÔA


Apontamento AuToCaRaVaNiStA:


Almendra é uma Freguesia pertencente ao Concelho de Vila Nova de Foz Côa, Distrito da Guarda, Portugal. Existem vários pontos de interesse histórico dentro de um perímetro relativamente pequeno. Destaco a Igreja Matriz, o Solar do Visconde de Almendra, a Capela do Senhor dos Passos, o Calvário, o Pelourinho, etc.




               HISTÓRIA:
Almendra antiga por entre montes e vales encaixados entre o rio Douro e o Côa, os homens começaram a desenvolver aquilo a que hoje chamamos de civilização. Desde o Paleolítico, com as recém-descobertas figuras rupestres, passando pelo período visigótico de onde data a antiga cidade de Calábria, pelo período românico, da qual é datado os mais recentes trabalhos arqueológicos em busca de uma aldeia romana perdida no tempo (figura à esquerda), Almendra e as suas gentes têm uma longa história, que vale a pena relembrar e preservar para o futuro.

Constituída por cinco lugares (Caldeira, Olga, Pedra Cavada, Rapada e S. Cidrão), Almendra tomou o seu nome actual à palavra "amêndoa", que em castelhano tem a sua tradução em "almendra". Tudo devido à enorme concentração de amendoeiras na região. Tem como santa padroeira Nossa Senhora dos Anjos, Patrona da Ordem dos Frades Menores (Franciscanos), embora a santa mais venerada na vila seja a Nossa Senhora do Campo, a quem se realiza uma festa anual. Os vestígios de ocupação em Almendra remontam ao primeiro milénio antes de Cristo, altura em que se pensa que existiria um núcleo fortificado na
área onde se situa hoje a Igreja Matriz. No mesmo local também se admite que existiu uma pequena Igreja cristã, substituindo um templo pagão românico também aí existente. Vestígios de uma fortificação medieval também se encontram a norte dessa Igreja, no denominado "Chão do Morgado".

Por volta de 960, Almendra pertencia a Condessa Dona Flâmula tal como se comprova pelo seu testamento. A Vila só se tornou definitivamente portuguesa após o Tratado de Alcañices em 1297, no tempo de D. Dinis, no entanto o primeiro Foral que recebeu foi em 1209 de D. Sancho I. Devido a esta contradição, há quem diga que o Foral foi dado por Afonso VIII, rei de Leão e detentor destas terras nessa altura. Mesmo após o Tratado de Alcañices, Almendra ficou ainda ligado em termos espirituais a Leão, pois o bispo de Ciudad Rodrigo manteve até 1404 o domínio espiritual na região do Cima-Côa. Almendra seria doada a D. Gil Martins por volta de 1270, pai do futuro alferes-mor de D. Dinis, D. Martim Gil.

Nesta altura, Almendra seria elevada a vila, algo que não foi pacifico em Castelo Rodrigo. Após sucessivos avanços e recuos e disputas entre Castelo Rodrigo e D. Gil Martins, Almendra ficaria mesmo elevada a vila sendo confirmado por D. Pedro em 1358 e por D. Fernando em 1367.Este privilégio viria a ter o seu fim através deste mesmo ultimo governante que, em 1370, reintegra Almendra no concelho de Castelo Rodrigo. No entanto, Almendra viria a ter a sua mais importante época nos tempos que se seguiriam. Em 1383, Almendra recupera o seu titulo perdido e assim se mantém durante largos anos.

O seu Concelho viria a ser novamente confirmado por D. Afonso V em 1449, sendo designado como Concelho de Almendra e Castelo Melhor. Em 1510, D. Manuel concede novo foral à Vila, facto actualmente celebrado com um monumento na zona da Praça da Vila. É durante este século que são construídos os mais importantes monumentos em Almendra. Devido à sua crescente importância, D. João III passa durante o seu reinado treze cartas a nomear tabeliães. Almendra continuaria Concelho até 1855, aquando da reestruturação levada a cabo pelos governantes. A partir dessa data, seria integrada no Concelho de Vila Nova de Foz Côa até aos dias de hoje, sendo extinguido o seu concelho, na altura constituído pelas freguesias de Algodres, Castelo Melhor, Vilar de Amargo e a própria Almendra.

Fonte: Junta de Freguesia de Almendra

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CASTELO DE CUSTOIAS - NUMÃO - V.N. DE FOZ CÔA



Apontamento AuToCaRaVaNiStA:
Custóias em Numão é uma Freguesia pertencente ao Concelho de Vila Nova de Foz Côa, Distrito da Guarda, Portugal. Esta Freguesia medieval é pouco percetível para os mais distraídos, só quem tenha um plano já estudado da região, vai ter curiosidade de lá chegar. Quem vai por exemplo a Freixo de Numão, onde temos inclusivamente uma Área de Serviço, quase não se apercebe da existência deste Castelo e desta Freguesia, mas se tomar a estrada interior para S. João da Pesqueira, vai passar ao lado, e concerteza vai avistar o Castelo altaneiro ao longe. Nessa estrada chamada de Santo Amaro ( há um corte, não existe placas de indicação do Castelo, nem tão pouco de Custoias) que serra acima nos leva à freguesia de Custóias, onde para além do interessante Castelo, tem uma igreja Matriz de origem medieval que deve-se destacar igualmente. O Castelo Medieval é composto no seu interior por centenas de milhares de pedras de pequeno porte e arredondadas, que presumo sejam de paredes caídas, já que são visíveis vestígios de uma aldeia interior ainda com a sua arquitectura percetível. O cemitério medieval, original, com sepulturas escavadas na pedra no interior e exterior, e no qual aproveitaram os actuais residentes, para continuarem a dar-lhe uso como cemitério da freguesia. Mas o melhor é verem as fotos.


         HISTÓRIA:
A freguesia de Numão, amplamente estudada neste século por uma multiplicidade de investigadores, tem uma história resplandecente, com um auge assinalável em plena Idade Média. Podendo existir vestígios de uma Pré-História distante, são no entanto já certos e inventariados restos de povoados do Calcolítico a Bronze. Nos «cerros» do « Sobreiral», que inventariámos com a denominação de «Citânia da Teja», fomos encontrar enormes vestígios de uma Pré-História recente (III a II milénios antes de Cristo). Também no morro do Castelo se pode recolher cerâmica destes períodos, o que, «a priori», nos leva a induzir da ocupação do «morro de Numão» desde tempos imemoriais. Teria sido este morro resguardado de povoados do Cobre, do Bronze, do Ferro, fortaleza Romana (?) destruída pelos Árabes, fortaleza Medieval até à pacificação do território Português (após afastada a «Mourama» e delimitadas as fronteiras)? Do período Pré-Histórico são inúmeros os materiais (essencialmente machados de anfibolite) que se encontram numa colecção particular hoje pertencente ao Senhor Engº Carlos Lacerda.

Quanto à fixação Romana, por aqui restaram e se misturaram com os povos autóctones, podendo nós encontrar vestígios (enterrados) na parte baixa da actual freguesia. Inúmeros materiais deste período, com incidência para moedas e pesos de tear em barro foram recolhidos pelo médico Dr. João Gouveia. Restos de colunas em granito, bases e capitéis e outros materiais têm sido exumados em vários pontos da freguesia. Desses primeiros séculos da nossa era, ficou-nos uma «ara votiva» dedicada aos Deuses e Deusas CONIUMBRICENSES! Durante muitos anos os investigadores ligaram os CONIUM aos CONIM (versus Conimbricenses), o que levou a interpretar a dedicatória aos Deuses de Conímbriga! No entanto, hoje, à luz de uma nova investigação e reinterpretação dos textos, podemos verificar, num documento do século XIII, a referência a «um lugar contra Columbria», provavelmente a tal Coniumbriga que se refere na Ara de Numão! Daí a nossa inclinação para a existência naquele lugar de uma grande «VICUS» e porque não uma «CIVITAS» com a denominação provável de CONIUMBRIGA. Deste período de ocupação são ainda duas inscrições na rocha granítica, uma junto ao Castelo, no caminho do Areal, onde se cita a gens que fez a estrada Romana; outra no lugar da Telheira, onde ficou registado o nome do proprietário (um tal REBURRI).

Vários outros lugares com vestígios da «época dos Imperadores» encontram-se espalhados pela área, sobressaindo os lagares e lagaretas, no Morgado, no Arnozelo e outros lugares. Em 960, o castelo de Numão pertencia, juntamente com outros, a D. Châmoa Rodrigues que o doou ao convento de Guimarães, através de sua tia, a Condessa Mumadona. Deve, entretanto, ter sido ocupado pelos mouros, pois, segundo alguns, Numão terá sido reconquistado por Fernando I, o Magno, de Leão, em 1055. O convento vimaranense manteve, contudo, o interesse por este castelo, dado que um inventário das suas propriedades, datado de 1059, continua a mencioná-lo. A vila de Numão teria ficado, em resultado das investidas árabes, completamente abandonada. Se isso na verdade aconteceu, não durou, todavia, muito tempo uma vez que pouco depois, em 8 de Julho de 1130, D. Fernão Mendes de Bragança e seus filhos dão-lhe o primeiro foral.

O castelo primitivo deve ter sofrido bastante nas lutas com os mouros, levando a que nele se realizassem obras de melhoramento, em 1189, no reinado de D. Sancho I. Vestígio ainda dessa época - século XII - é um Cristo de bronze esmaltado, de Limoges, testemunho, talvez, da presença de cruzados franceses nas lutas contra o Islão. A própria Igreja Matriz, apesar de todas as adulterações sofridas ao longo dos tempos, é de traça românica, assim como a Igreja de Santa Maria, construída dentro do castelo e hoje em ruínas. Em 1247, era tenente da «terra» D. Afonso Lopes de Baião a quem, como representante régio que era, competia exercer funções de carácter administrativo e militar. A conservação do castelo preocupa ainda D. Dinis que, em 1285, o mandou reconstruir. Em 1373 era alcaide de Numão Vasco Fernandes Coutinho, um dos homens mais poderosos das Beiras. Durante a crise nacional do fim da primeira dinastia, o concelho de Numão adoptou uma posição mais favorável à princesa D. Beatriz, nomeando inclusive um procurador às Cortes de Torres Novas de 1380. No século XV, o julgado de Numão era obrigado a contribuir com 12 besteiros, sinal da sua importância militar. Em 1512, D. Manuel I concede-lhe a carta de foral nova, isto numa época em que Numão e o seu termo estaria com uma população de cerca de 300 moradores. Posteriormente, a importância de Numão começou a enfraquecer, deixando mesmo de ser o local de residência de algumas das suas autoridades mais importantes. A própria justiça que aí se administrava foi contestada, levando a população a pedir a substituição dos juizes locais por juizes de fora, acusando-os de serem aparentados uns com os outros e de não serem imparciais.

A partir de meados do século XVII deixa de ser definitivamente a sede do concelho que muda para uma das suas antigas freguesias - Freixo de Numão - localidade onde passam a residir os juizes de fora, novos administradores do concelho. No século XVIII, Numão deve também ser sido vítima do célebre terramoto de 1755, dadas as várias datas oitocentistas inscritas nas paredes da Igreja Matriz. Como a generalidade das povoações do concelho apresentou um crescimento populacional contínuo desde o século XVIII até que, já no nosso século, a sangria da emigração o veio anular. Do muito que já se escreveu sobre Numão, queremos deixar aqui reproduzidas algumas citações da obra «História da Diocese de Lamego» do Dr. Manuel Gonçalves da Costa: 1. O Castelo de Numão, tanto no sentido de fortaleza que de facto foi como de cabeça administrativa dum território, desempenhou papel de primordial importância ao longo da história como baluarte fronteiriço e estratégico do alfoz pelo rio Douro a norte, Custóias a poente, a sul por uma calçada provavelmente romana que desembocava próximo da confluência da ribeira de Duas Casas com a de Tourões, e a nascente pelo veio do rio Águeda. A vasta área deste alfoz, significa, para R. Pinto de Azevedo, a realidade do despovoamento da região, confirmada aliás por outros documentos. Estaria pois na intenção do donatário promover o repovoamento da terra. No respeitante a rendas e direitos, dispôs o foral de D. Afonso III que, em vez do oitavo da cevada, cada morador da vila e termo pagasse 2 alqueires acrescidos de 5 reais «da nossa moeda de 6 ceitis». A pena de arma revertia a favor dos juizes ou do alcaide; os maninhos e um terço dos montados pertenciam ao concelho, sendo os outros dois terços do senhorio, bem como o gado ao vento, ficando a pessoa que o achasse obrigada a declará-lo ao escrivão dentro de 10 dias, sob pena de ver-se «demandado» por furto. Apenas a portagem de compra e venda se reservava como direito real.

Ainda no reinado do Bolonhês surgiu uma disputa entre o concelho e Santa Cruz de Vilariça, sobre parte da veiga de Santa Maria, além-Douro, «contra Columbria», mandada «apegar» pelos moradores de Numâo. Estes fizeram-se representar na corte pelo seu procurador Egas Anes (Egeas Joanes) e depois de discutidas as pretensões das duas partes, acordou-se em partir o lugar ao meio a fim de ambos os concelhos o povoarem e granjearem, excepto o barco e o porto com o respectivo «cartario», acordo confirmado por el-rei em Santarém, a 8 de Fevereiro de 1263. Na crise nacional que se seguiu à morte de D. Fernando, o município numantino tomou o partido da rainha de Castela, solidarizando-se com as outras vilas acasteladas de Penedono, Pinhel, Sabugal, Castelo Rodrigo e Trancoso. Consequentemente, os juizes, juntos «por concelho apregoado» segundo o uso e costume, constituíram «por nosso lydimo avontoso procurador, autor e mensageiro especial» a João Antão, natural de Mós, para em seu nome eleger, por sucessora de D. Fernando, a sua filha Dona Beatriz. Firmes na sua oposição às pretensões do mestre de Avis e ao sentimento geral da nação, os numantinos voltaram a reunir-se três anos mais tarde e escolheram o juiz Afonso Domingues como seu representante no casamento da infanta com D. João de Castela, em documento lavrado pelo tabelião Afonso Fernandes.

Fonte: www.cm-fozcoa.pt

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Nª. SENHORA DO VISO - CUSTOIAS - NUMÃO - V.N. FOZ CÔA



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Situada em Custoias, Freguesia de Numão, Concelho de V.N. Foz Côa, Distrito da Guarda, Portugal.
A capela dedicada a Nª Srª do Viso em Numão é secular e encontra-se situada no monte do Viso, onde se oferece uma alargada vista panorâmica sobre a região. Devido à sua elevada altitude, 813 metros, é possível vislumbrar uma grande área circundante, onde se inclui o Douro vinhateiro e a capela de S. Salvador do Mundo (S. João da Pesqueira). Para Este vê-se o Castelo de Numão, o miradouro de S. Martinho de Seixas, a localidade alvinitente da Lousa (Moncorvo) e, em toda a volta, a paisagem vitivinícola ai existente.

Adenda sobre o Miradouro de Nossa Senhora do Viso:


Capela de Nossa Senhora do Viso. Serve de miradouro à freguesia. Aqui realiza-se, todos os anos em Agosto, a principal festa da Freguesia.
Festa em Honra de Nossa Senhora do Viso:
Principal festa anual, que se realiza no segundo fim-de-semana de Agosto. Esta festa tem duração de três dias.
No Sábado a Comissão de Festas acompanhada por uma Banda Filarmónica percorre as ruas da Freguesia com o objectivo de recolher as oferendas que mais tarde irão ser arrematadas. Nessa noite fazem-se as honras a um belo arraial.

No Domingo, pelas 7-8 horas, os festejos são iniciados com a alvorada. Por volta das 12 horas celebra-se a Santa Missa com sermão no santuário, seguida de procissão.

Na Segunda-feira, logo cedo, alvorada; por volta das 10 horas Missa na Igreja de S. João Baptista seguida de procissão com os andores de todos os Santos, que percorre as ruas da Freguesia. De tarde, actuação de alguns ranchos e à noite, como acontece em todos os dias da festa, grandioso baile que se prolonga até de madrugada.

Fonte: www.cm-fozcoa.pt - www.patrimonio-turismo.com/

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TOUÇA - V.N. DE FOZ CÔA


Apontamento AuToCaRaVaNiStA:

Touça é uma pequena Freguesia, pertencente ao Concelho de Foz-Côa, Distrito da Guarda, Portugal.

Saliento logo à entrada o forno comunitário da telha, onde se fabricava artesanalmente a telha denominada de Meia Cana. O património edificado fica mais ao centro da aldeia, como o Pelourinho, a Igreja Matriz agora denominada de Senhora da Pureza, século XVII, e a casa dos Albuquerques. Para mais informação aceda ao historial disponível da C.M. de Vila Nova de Foz Côa.





              HISTÓRIA:
No termo da Touça não estão inventariados sítios arqueológicos datados da pré-história. Do período de ocupação romana são conhecidos já o lugar de Vale das Mós, onde, a par dos vestígios dos primeiros séculos da nossa era, houve ocupação medieval (atestada pela presença de sepulturas e materiais cerâmicos). Também a Quinta dos Bons Ares apresenta vestígios de ter sido uma Villa Romana. No lugar da Proviceira, vestígios de uma Quintã que aparece mencionada no Cadastro do reino de 1525. Era servida esta Quitã pela capela do Divino Espírito Santo, hoje desaparecida. Lugar inicialmente do termo de Numão veio, no século XIII, a ser cobiçado por D. Abril Peres de Lumiares, um dos principais inimigos de D. Sancho II. D. Abril Peres, neto bastardo de D. Afonso Henriques, começou por pedir o lugar do concelho de Numão. Como o concelho não lho quisesse conceder, o Senhor de Lumiares obteve-o à força, ferindo três homens e matando um outro. O monarca na época encontrava-se enfraquecido e como tal pouco ou nada poderia fazer face às ambições senhoriais.

O concelho não teve alternativa e fez-lhe a concessão do «campo» da Touça, em 1242. D. Abril Peres trouxe-o por honra, deixando-o, ao morrer, ao convento de S. João de Tarouca. O mesmo mosteiro beneficiou ainda pouco depois, em 1246, de um legado de D. Paio Furtado que lhe deixou ao falecer a herdade dos Proviceiros. As Inquirições de D. Dinis feitas nos finais do século XIII, levaram a chancelaria régia a considerar que o lugar fosse devasso, isto é, que fossem abolidos os privilégios de que gozava como terra honrada. Os frades de Tarouca, sentindo a sentença injusta, reclamaram.

Todavia, só retomaram a sua posse após o escambro feito por entre eles e o monarca, pelo qual eles cediam a terça parte da então vila de Aveiro, que lhe adviera por doação de D. Abril Peres, em troca da Touça e outras propriedades em Cedovim, Muxagata e Longroiva. O rei coutou o lugar isentando os moradores de todo o foro e peita e do serviço militar, ficando eles apenas a pagarem as dízimas à igreja de Freixo de Numão. O lugar passou a ser prazo do mosteiro, a partir de então, ficando todos os habitantes como caseiros dos sucessivos emprazantes.

No século XVII o prazo era de uma família fidalga de Lamego - a dos Pintos -. Já nos fins do século XVIII vamos encontrá-la na posse de outra família lamecense - os Peixotos -. Sobre estes últimos sabe-se que foi seu possuidor Francisco Peixoto, Senhor de Fermedo e outras terras, Fidalgo e Cavaleiro da Ordem de Cristo, e que recebia os quartos de todos os frutos. Nos fins do século XVIII foi eleito pelo povo da Touça o primeiro cura para a sua paróquia, deixando a partir de então de ser paróquia anexa à de Freixo de Numão. A ligação ao Mosteiro de S. João de Tarouca manteve-se até ao século XIX, registando-se nos anos imediatos à instauração do liberalismo alguns conflitos entre os seus habitantes e os enfiteutas da terra. A Touça foi, segundo Pinho Leal, cabeça de concelho, com juiz, vereador e câmara, independente do juiz de fora de Freixo de Numão e só sujeita ao seu capitão-mor.

Dos seus administradores figura, em 1834, Jacinto José de Albuquerque, que viria a ser um pouco mais tarde administrador do concelho de Freixo de Numão. No aspecto eclesiástico tudo leva a crer que durante séculos foi dependente (anexa) de Freixo de Numão. No entanto, no último quartel do século XVIII, depois de mais de 14 anos de embaraços e demandas, se separou, tornando-se Paróquia independente, por três sentenças obtidas: - a 1ª' no Juízo Eclesiástico de Lamego; - a 2ª na Cúria Patriarcal; - a 3ª na Nunciatura Apostólica. Elegeu o povo da Touça o seu curaem 1793.

Havia nesta Vila uma antiga ermida, dedicada a Nossa Senhora da Visitação, ou da Pureza, para a qual dava a casa de Rodrigo Pinto, de Lamego, 30 mil réis cada ano, para aqui haver capelão que dissesse missa ao povo. A ermida de Nossa Senhora da Visitação foi erecta em Igreja Matriz quando o povo elegeu o seu Cura em 1793. A agricultura era e é a base de toda a sua economia. No entanto, outrora, o artesanato era também uma actividade lucrativa. Aqui se faziam tapetes e colchas de lã e algodão, por vezes com delicados desenhos.

Mas a principal actividade, hoje completamente extinta, era o fabrico da telha, tipo antiga portuguesa, destinada à cobertura das construções da região. Em 1758 o Pároco de Freixo de Numão registava, em resposta ao inquérito: «Touça é Vila da antiga comarca de Lamego e hoje da moderna comarca de Trancoso, com 55 fogos e com 163 almas.» A população da Touça tem grande devoção pela imagem de Santo António, exposta ao culto na sua Igreja. Todos os anos se festeja, com grande solenidade religiosa, o dia de Santo António, santo protector desta localidade e de todos os que nela vivem e trabalham. No aspecto arquitectónico há a salientar o Pelourinho, a Casa dos Albuquerques, o Forno da Telha, a Igreja Matriz e um conjunto de casas abalcoadas, de granito, em bom estado de conservação ou facilmente reparáveis.

Património No aspecto urbano, a freguesia de Touça foi pouco descaracterizada talvez devido ao facto de as novas construções terem aparecido em bairros novos como a Gricha e a Lameira. Isso veio permitir a manutenção das casas graníticas, com balcoadas, varandas e átrios, muito características desta zona. Estão, pois, de parabéns as gentes desta terra porque mantêm em bom estado um legado arquitectónico dos seus antepassados. Entre as casas Solarengas ou de Lavradores abastados, apenas há a registar a denominada CASA DOS ALBUQUERQUES, do século XIX, com vãos em arco abatido com moldura de cantaria simples; piso superior ritmado por três janelas de sacada, sendo de destacar o trabalho de ferro forjado.

 0 PELOURINHO, imóvel de interesse público (D.L. nº 23.122, de 11/10/1933) é de estilo simples de picota, assentando sobre dois degraus poligonais. O fuste é igualmente poligonal. O remate é em forma de pirâmide octogonal, coroada por esfera. Importante e significativo, não pela sua imponência mas pelo significado social e económico que teve, durante séculos, é o Forno da Telha (Forno comunitário) que se localiza na Lameira. Era destinado ao fabrico da telha de «meia cana». Sofreu obras de restauro (se bem que algumas não fossem as mais adequadas). O barro era obtido na área envolvente (Lameira) e misturado com outro tipo proveniente do lugar da Carvalha (Freixo de Numão). Este Forno era administrado pela Junta da Paróquia.

Do Património Religioso apenas existe e resta a IGREJA MATRIZ, que era a antiga ermida do Nossa Senhora da Visitação, transformada em Matriz em 1783, com a criação da paróquia (depois de separada e desanexada da Igreja de Freixo de Numão). A invocação actual é Nossa Senhora da Pureza. Das suas características temos a salientar: nave única, vãos rectos; campanário com duas aberturas sineiras em arco de volta inteira a rematado por frontão angular; cobertura interior em tecto de caixotão único de madeira; púlpito do século XVI11; altar-mor em talha de influência do estilo nacional, mas incompleto.

Fonte: www.cm-fozcoa.pt

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CASTELO MELHOR - V. N. DE FOZ CÔA


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A Vila de Castelo Melhor, é uma Freguesia Portuguesa, pertencente ao Concelho de Foz Côa, Distrito da Guarda.
Castelo Melhor está na rota das gravuras rupestres de Foz Côa, tem centro de interpretação de apoio ao turista, e a partir dali (com marcação prévia) fazem a viagem em todo o terreno até ao local das gravuras, explicando todos os pormenores interpretativos das gravuras pré-históricas, junto ao rio Côa. Localidade pequena de origem medieval, com construção predominante em xisto e granito. Destaco com especial interesse a Igreja Matriz, (ver o interior) e com o seu Castelo altaneiro de onde se vê um horizonte bastante alargado.


                HISTÓRIA:
No termo da freguesia de Castelo Melhor existem já inventariados sítios ou apenas vestígios pré-históricos, fatalmente ligados ao rio Côa e aos vales que albergam pequenos ribeiros, tributários do mesmo. Na Penascosa, limite de Almendra, a que se acede pela localidade de Castelo Melhor, existe um importante núcleo de gravuras rupestres do Paleolítico Superior (bovídeos, cavalos, caprídeos). Nas elevações que lhe são contíguas, adivinha-se uma ocupaçâo de períodos (Calcolítico, Bronze...).


Igualmente nos lugares de Meijapão e Ribeiro do Poio, na sua anexa do Orgal, encontram-se vestígios de gravuras de Idade do Ferro, já numa cota mais elevada a lembrar-nos a necessidade de investigar sistematicamente toda aquela área. Ainda no sítio da Penascosa, o início de uma via (com calçada) que rumava a Almendra. Tratar-se-á de uma via romana, aproveitada até muito recentemente. No Orgal, vestígios de uma Villa Romana. Alguns indícios levam-nos a supor ter sido esta terra de Castelo Melhor abrigo de Visigodos e Árabes. No morro do castelo estão enterrados mistérios que urge desvendar.

Escavações arqueológicas poderão trazer à luz do dia não só vestígios pré-históricos como romanos, árabes e visigóticos. Na Rua dos Namorados, encravadas num muro de propriedade, algumas pedras gravadas com motivos fitomórficos e geométricos, poderão muito bem levar-nos até épocas muito recuadas, possivelmente coevas dos reinos Suevo ou Visigótico. Mas passemos a algumas nótulas documentadas:Encontra-se esta freguesia na região ribacudana e como tal a sua história confunde-se com a de outras da mesma região.

Curiosamente, o próprio nome, ao compor-se de uma forma qualificativa, sugere-nos que a sua fundação terá sido posterior à de Castelo Bom. O seu território pertenceu ao longo do século XIII ao reino de Leão, passando apenas a fazer parte de Portugal após o Tratado de Alcanices. Os seus foros, datados de 1209, recebeu-os de Afonso IX de Leão. A crítica histórica tem vindo, no entanto, a pôr em causa esta data, argumentando que se está perante uma cópia dos de Castelo Rodrigo. Seja como for, recordemos que era prática corrente os monarcas darem a escolher aos povos o foral existente que quisessem. Atendendo a tudo isto, considera-se hoje que a fundação de Castelo Melhor ocorreu entre 1230 e 1298. De facto esta última data é a primeira referência a Castelo Melhor a merecer-nos confiança.

Trata-se da confirmação dos seus foros por D. Dinis, em 12 de Junho de 1298. A data da confirmação dos foros por D. Dinis deve ser no entanto apenas entendida como limite documental, uma vez que se sabe que Castelo Melhor passou à Coroa portuguesa, em 1292, como dote da Rainha D. Isabel, tendo na altura D. Dinis mandado reparar o castelo e repovoá-lo. Nos inícios do século seguinte, em 1321, num Rol das Igrejas, é apresentada como sendo uma simples aldeia de Castelo Rodrigo. Embora não se conheça qualquer documento a indicar esta anexação, a hipótese é plausível. O facto de Afonso V,em 1449, confirmar a sua qualidade de vila, associando-a a Almendra, não deixa de revelar, na opinião de Duarte Nogueira, a sua insegurança face a Castelo Rodrigo.

A partir de meados do século XV, a sua história confunde-se com a de Almendra, com a qual aliás forma um concelho que adopta, curiosamente, o nome destas duas freguesias. No reinado de D. João III possuía 32 moradores, como atesta o recenseamento de 1527. Esta freguesia tem vindo desde esta época a registar um crescimento populacional contínuo, com excepção das últimas décadas. (Adaptado da obra "Por Terras do concelho de Foz Côa - Susídios para a sua História - Estudo e Inventário do seu Património", de A.N. Sá Coixão e António A. R. Trabulo, editado pela Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, 2ª edição - 1999).

Fonte: www.cm.fozcoa.pt

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