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SERNANCELHE - VISEU



Apontamento AuToCaRaVaNiStA:
Sernancelhe, é uma Vila Portuguesa, Sede de Concelho, e pertencente ao Distrito de Viseu.
Sernancelhe é uma Vila Histórica, com um vasto património edificado, e não só, e está bastante disperso, principalmente pelas freguesias do Município que outrora já foram sede de Concelho, como Vila da Ponte, Fonte Arcada, e a famosa Lapa, que continua a ser o Ex-Libris de Sernancelhe. Aqui deixamos alguns apontamentos sobre este território.


           HISTÓRIA:

O Concelho de Sernancelhe tem um horizonte cronológico que pode abranger cerca de cinco mil anos. Um horizonte que permite muitas e enriquecedoras viagens pela história deste povo; história indelevelmente marcada pela agricultura e pela predominância do sector primário, garantia de sustento a praticamente todos os nativos. Graças ao seu solo fecundo, Sernancelhe conheceu prosperidade e riqueza.

É uma zona de terra fértil e aprazível, pela natureza do seu solo, pelos acidentes e belezas naturais, típica de tradições, e extremamente saudável pelas suas condições climatéricas, e pela altitude, que, nos lugares mais elevados, sobe a 800 metros", relata o Abade Vasco Moreira, autor da primeira Monografia do Concelho, que diz ainda: "Foi muito bem administrado nos tempos passados, quando gozou autonomia real, e sem mistificação. Dessa administração falam, eloquentemente, a tradição e os seus monumentos - obra colossal do passado - que ainda hoje, séculos volvidos, lhe doiram o nome com reflexos da mais pura glória".



Sernancelhe foi território escolhido por várias civilizações, que por cá deixaram marcas da sua presença e permanência. Os registos existentes permitem-nos saber que o nosso Concelho foi habitado desde a pré-história. A romanização também deixou muitos vestígios, assim como a época medieval e a idade moderna.



Concelho fundado antes da nacionalidade portuguesa, conhece primeira descrição no ano de 960, através de um testamento em que D. Flâmula manda vender os seus castelos de Riba Douro e Sernancelhe. Em finais do século X, o castelo de Sernancelhe é tomado por Almansor e reconquistado pelos cristãos quando em 1055 o rei Leonês Fernando I expulsa os mouros da região. A 26 de Outubro de 1124 é atribuído o primeiro foral a Sernancelhe, que viria a ser confirmado por D. Afonso II no ano de 1220. Em 1514 D. Manuel deu novo foral ao concelho, sem que tenha introduzido alterações importantes.

Santuário de N Sª de ao Pé da Cruz
Miradouro
No entanto, Sernancelhe conheceu ao longo da sua história várias alterações administrativas que modificaram por completo a organização do município. Fonte Arcada, Lapa, Vila da Ponte e Sernancelhe chegaram a ser vilas, tiveram juiz, tabelião, escrivão, almotacés e sargento-mor de ordenanças. A Fonte Arcada D. Sancha Vermuiz concedeu foral em 1193. Nas inquirições de D. Dinis, o julgado de Fonte Arcada possuía seis aldeias. No ano de 1855 o concelho é extinto e as suas terras são incorporadas no de Sernancelhe.



Vila da Ponte
Em 18 de Junho de 1740, e por portaria emitida de Queluz, D. João V elevou a Lapa à categoria de Vila. O foral viria a ser dado a 26 de Maio de 1781 por D. Maria I. O concelho da Lapa durou pouco mais de um século, tendo sido extinto também em 1885. A Vila da Ponte foi reconhecida como Vila no ano de 1661 por D. Afonso VI. Elevando-a a cabeça de condado, doa-a a Francisco de Melo Torres e nomeia-o Conde da Ponte. O Conde dá autonomia municipal a Vila da Ponte e manda colocar as suas armas na casa da cadeia e erguer o pelourinho na Praça. No ano de 1855 a vila é extinta e incorporada no concelho de Sernancelhe.

Igreja matriz de Vila da Ponte
Em 1896 Sernancelhe, já formado como concelho, perde as freguesias de Caria e da Rua e chega mesmo a perder, por dois meses, a sua autonomia como concelho. Seria, no entanto, o ano em que Sernancelhe viria a formar-se tal como hoje o conhecemos, com dezassete freguesias e cerca de 220 quilómetros quadrados.

Fonte: www.cm-sernancelhe.pt



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SENHORA DA LAPA - SERNANCELHE - VISEU


Apontamento AuToCaRaVaNiStA:
O Santuário da Senhora da Lapa fica em Sernancelhe que pertence à Diocese de Lamego mas ao Distrito de Viseu. Este Santuário granítico é já muito antigo, e alberga dentro um enorme penedo (Lapa) que reza a história foi encontrada após mais de 500 anos escondida na gruta onde as irmãs perseguidas a depositaram. A história toda está já a seguir. O curioso é que pela abertura do penedo, que diga-se é bastante estreito, diz-se passa o gordo e passa o magro, e parece que assim é com algum jeitinho na barriga. Passagens por aquí em 2008, 2009, 2011, e agora 2014. As fotos estáticas são de Março de 2008, o video You Tube de Março de 2014.



              HISTÓRIA:
A Lapa é uma terra de fé, um sítio de mistério natural e de alcance transcendal. De qualquer ponto que o circunstante lance o olhar, de perto ou de longe, encontra como ponto de contacto ou a torre da igreja ou um cruzeiro ou mesmo um dos quatro consagrados miradouros. Está a povoação situada quase no cimo da serra com o mesmo nome, a 915 metros de altitude. Localiza-se junto às nascentes do rio Vouga, na Freguesia de Quintela, Concelho de Sernancelhe, diocese de Lamego, Distrito de Viseu.

Joana, a muda pastorinha de Quintela, nunca sonhara que a imagem da Srª da Lapa, a nena que guardava ciosamente na cestinha da merenda, fosse motivo para que à serra ou ao Santuário acolhessem milhares de romeiros, tantos que houvessem de a assustar. A história da Lapa inicia-se nos finais do século XV, mais propriamente no ano de 1498. Percebido o sinal miraculoso, os romeiros empreenderam a espontânea construção de uma capela. E a seguir uma proteção para os devotos que faziam a romaria à volta da gruta inserida no enorme fraguedo.

Isto da sua história passou-se assim: O célebre e hábil general mouro, Al-Mançor, pelo ano de 982, atravessou o Douro para a margem esquerda. Havendo destruído Lamego, progrediu para Trancoso. No trânsito arrasou o Convento de Arcas, onde martirizou muitas das religiosas. Atravessada a serra de Pêra, chegaram ao convento de Sisimiro, sito na actual Quinta das Lameiras, freguesia de Pinheiro, concelho de Aguiar da Beira. Parte das religiosas sofreram o martírio, outras escaparam levando consigo uma imagem de Nossa Senhora, procurando abrigo nos matos por onde se embrenharam. Acharam a gruta ou lapa, onde guardaram a dita imagem que ali resistiu à agrura dos séculos, durante uns 515 anos.


O penedo por onde passam os não pecadores

Em 1498, uma pastorinha chamada Joana, muda de nascença, da freguesia e lugar de Quintela, andando a guardar o gado de seus pais, lembrou-se um dia de entrar ali na gruta e encontrou a santa imagem que meteu na cesta onde guardava as maçarocas e a merenda. A imagem era de pequena dimensão, mas muito formosa. E a pastorinha guardou-a e enfeitava-a como podia e sabia, com as mais lindas flores que topava nos campos ou no monte. Ao voltar a casa, no fim do dia, cuidava da roupa da imagem.



As ovelhas, apesar de fartas e nédias, eram apresentadas quase sempre nos mesmos lugares, o que motivou acusações por parte de outrem à mãe de Joana. Tudo isto e as teimosias da filha a fizeram enervar e, sem mais, tirou-lhe a imagem, que teve por uma vulgar nena ou boneca, e atirou-a ao lume. A menina, transida de pavor, gritou; “Tá! Minha Mãe! É Nossa Senhora! Ai! Que fez?”. A fala começou a prender irreversivelmente a mocinha pastora e a mãe ficou com o braço paralizado, transe de que se curou com a oração de ambas.

A imagem foi levada para a Lapa, sob a orientação do percurso por Joana e todos a acompanharam. Porém, tal não terá sucedido sem que antes o cura de Quintela houvesse tentado a entronização da veneranda imagem no interior da Igreja Paroquial, donde a mesma imagem desaparecia de modo insólito. Para abrigo da imagem de Nossa Senhora e para resguardo temporário dos fieis, sobretudo na época de maior afluência destes, foi construído um Oratório e levantadas algumas barracas. O Oratório e barracas adjacentes estavam sob a jurisdição do reitor da Vila da Rua.

 Foi este o princípio da localidade de Lapa, onde por força destas circunstâncias começaram a edificar-se as principais habitações e bem assim as subsequentes, o que transformou um lugar inóspito num aglomerado que logrou alcançar numa certa projecção e que hoje mantém a atmosfera de mística espiritualidade e de estranha grandeza. Entretanto, como a Companhia de Jesus se instalasse em Portugal e gozasse de gerais simpatias, foi permitido aos Jesuítas, a título transitório, que dirigissem o culto da Lapa, auxiliando os fieis e atendendo-os de confissão. Porém, no ano de 1575, o padroado da Abadia de Vila da Rua passa a jurisdição e posse da Coroa Portuguesa, com o curato de Quintela que lhe estava adstrito e em cujo limite se encontrava a Ermida da Senhora da Lapa.

Em 1576, sob autorização do Papa Gregório XIII, D. Sebastião, deu a Igreja da Rua, com metade dos seus réditos, ao Colégio de Jesus, que os Jesuítas fundaram em 1542 e possuíam em Coimbra, ficando-lhes a pertencer tamcbém o Oratório da Lapa. Efectivamente, D. João III tinha-lhes entregue o Colégio das Artes, com a promessa de um dote, para côngrua sustentação, promessa que não satisfez na totalidade, cabendo o ónus do cumprimento ao seu sucessor. Vindo estabelecer-se na Lapa, os Jesuítas dão corpo, com o auxílio de particulares, à edificação do Santuário e do Colégio, obras iniciadas no século XVI.


Dentro da Igreja, ou melhor junto dela mandou levantar, em 1586, Pedro do Sovral, Senhor do Morgado de Sernancelhe, a actual capela do Santíssimo Sacramento, para abrigo do túmulo de família. Antes de ter a função hodierna e de albergar aquele altar de boa talha joaninha, serviu de sacristia. O Colégio, junto ao Santuário, começou nos finais do século XVII, mais exactamente em 1685 e ficou sempre obra não acabada.



O complexo religioso e escolar afirma-se progressivamente como um prestigiado e prestigiante santuário de peregrinação nacional e um notável pólo de de aquisição e consolidação de cultura. O colégio locupleta-se de escolares. E a Senhora da Lapa impõe-se como um centro de irradiação do culto à Virgem e como fermento de mais povoações, cidades, dioceses e santuários um pouco por todo o mundo, sobretudo pelas inúmeras estâncias por que andarilharam os padres jesuítas.



Fonte: (Texto) Abílio Louro de Carvalho



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