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S. BENTO DAS PERAS - VIZELA

Apontamento AuToCaRaVaNiStA:

S. Bento das Peras está situado na cidade de Vizela, Distrito de Braga, Portugal. S. Bento das Peras ergue-se numa subida de montanha granítica até cerca de 450 metros de altura, com algumas inclinações acentuadas por entre estradas estreitas de montanha, sobranceiro à própria cidade, e de onde se avista todo o vale do Vizela numa paisagem deslumbrante, que em límpidos dias se estende o seu horizonte até ao mar. Uma Capelinha, e uma Capela no alto do monte são os símbolos religiosos que representam S. Bento das Peras, sem que falte a sua imagem do alto de um penedo virado para a cidade de Vizela que protege.



             HISTÓRIA:

       Capelinha de S. Bento
S. Bento nasceu em Itália (Núrsia), em 480. Os seus pais eram de origem nobre, e graças a isso, fora estudar para Roma. No ano 500 refugiou-se numa montanha recatada para estar em silêncio com Deus e com os seus ensinamentos. A sua fama depressa se alastrou aos quatro cantos do mundo chegando ao Vale de Vizela antes da Fundação da Nacionalidade. S. Bento faleceu no ano de 540.






          Cista de S. Bento:
Se hoje a devoção de Vizela e arredores ao S. Bento conhece ainda muita adesão, ela foi-o muito mais intensa e pura há uns 50 anos e mais, mas que degenerou para o que hoje é, sobretudo de há uns 20 anos para cá.
Há 50 anos, pela Páscoa, no S. Bento das Pêras, a festa era superior à da romaria de hoje, sobretudo no cumprimento de promessas de fogo de ar.
Variadas promessas vinham satisfazer com oferendas, desde açafates de ovos, a ramos de cravos, milho e sacos de sal daquele de salgar carnes de porco, oferta esta a pagar graça sobre “coisas ruins” de que ele também é advogado.



  Capela de S. Bento das Peras
Mas estas graças não eram retribuídas em silêncio. Não. As redondezas ficavam cientes dessa gratidão. Formavam-se grupos de romeiras, com principal incidência aos domingos de tarde. Eram entre cinco e nove. E a chefe de cada grupo transportava na cabeça cestinhas com o merendeiro, a repartir, depois, por cada acompanhante. E assim em grupos, lá iam subindo as encostas do S. Bento, dos lados da cidade, cantando…As chefes de grupo, dos serões ou novenas, “botando” as cantigas. Os acompanhantes respondendo…

Ao sair da nossa porta,
No descer da escaleira,
S. Bentinho milagroso
Vinde esperar a romeira…

S. Bentinho milagroso
Vinde esperar a romeira!...

S. Bentinho milagroso,
Aqui tem o meu serão,
Que lhe tinha prometido,
Por curar o nosso irmão…

Que lhe tinha prometido,
Por curar o nosso irmão!...

S. Bentinho milagroso,
Seu caminho tem pedras!
Se não fizesse milagres,
Aqui não vinha ninguém!...

Se não fizesse milagres,
Aqui não vinha ninguém!...

S. Bentinho milagroso,
Seu cantinho tem areia,
Eu já rompi os sapatos,
Não quero romper a meia…

Eu já rompi os sapatos,
Não quero romper a meia!...





Numa recolha de quadras conseguiu-se um inventário de quarenta.

Outra vezes, eram grupos de homens e mulheres, constituídos pela família inteira da pessoa miraculada, que também subia o monte amortalhada ou transportando formas humanas de cera. Subiam a encosta, cantando também.
Com a revolução industrial que feriu de morte muito hábito que fiel e religiosamente vinha sendo transmitido de gerações muito recuadas, o cumprimento de promessas com romeiras começou a ser ao sábado de manhãzinha.
Ainda há vinte anos era assim.


Dada a fuga da juventude da vida do campo, estando já na terceira idade muitas romeiras de há cinquenta anos, e outras a passos largos caminhando para essa terceira idade, vão rareando, assim, as fiéis depositárias desta linda tradição, pelo que há razões fundamentadas para se acreditar que o fim irremediável dos “serões” e das novenas está próximo.

Fonte: www.cm-vizela.pt



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