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PENICHE E BALEAL - LEIRIA












Apontamento AuToCaRaVaNiStA:


Peniche é uma cidade Portuguesa pertencente ao Distrito de Leiria.
Terra predominantemente piscatória é famosa pela sua doca de pesca e pela variedade e quantidade de pescado capturado pela sua extensa frota piscatória. A rainha é a sardinha, uma iguaria muito apreciada em Portugal sobretudo pela altura dos Santos Populares
Esta fotoreportagem apenas incluirá como não poderia deixar de ser, o Baleal, o Cabo Carvoeiro, e as Berlengas.


                 HISTÓRIA:
Desde cedo que esta região estremenha parece ter despertado o interesse das primeiras comunidades humanas que, perante a diversidade de recursos disponibilizados, aqui se terão fixado. Os principais sítios pré-históricos conhecidos no concelho correspondem a ocupações em gruta, destacando-se um importante conjunto constituído pelas grutas da Malgasta, Lapa Furada, Cova da Moura (situadas na zona Sudoeste do concelho, no Planalto das Cesaredas) e Gruta da Furninha, esta última situada na orla meridional da península de Peniche registando um historial de ocupação que remonta ao Paleolítico Médio.

Durante a época romana tem lugar a consolidação de uma economia assente no cultivo das férteis terras aluviais contíguas ao Rio de S. Domingos e à Ribeira de Ferrel e na exploração de recursos estuarinos e marinhos. Esta última componente parece ter assumido especial importância como parece demonstrar a descoberta no Morraçal da Ajuda (Peniche) de um complexo oleiro que se teria dedicado principalmente à produção de ânforas destinadas ao envase de preparados de peixe.


A então ilha de Peniche assentaria a sua actividade económica na exploração de recursos marinhos, particularmente na produção de conservas de peixe, actividade industrial que volvidos dois mil anos continua a laborar nesta terra piscatória.
A presença romana parece também estar atestada no Arquipélago das Berlengas. Hoje reserva natural, a ilha da Berlenga viu na antiguidade as suas águas abrigadas serem fundeadas por embarcações romanas, facto demonstrado pela identificação e recuperação, nestas águas, de cerca de uma vintena de cepos de âncora em chumbo e de várias ânforas romanas.

Para a Idade Média as fontes históricas falam de uma ilha de Peniche integrada na esfera económica e administrativa da importante Vila de Atouguia da Baleia.
Herdade cedida em 1148 por D. Afonso Henriques ao cruzado franco Guilherme de Cornes, como recompensa pelo auxílio prestado na tomada de Lisboa, Atouguia da Baleia é mais tarde elevada à categoria de Vila, conhecendo durante a Idade Média um grande desenvolvimento económico, mercê de uma rentável actividade piscatória assente na captura de espécies como a baleia, cetáceo que aliás dará o nome à povoação.

Se até ao séc. XV a pouco povoada ilha de Peniche terá vivido na dependência económica e administrativa da Vila de Atouguia da Baleia, a partir deste período, com a lenta formação do actual cordão dunário que liga Peniche ao continente e com o consequente assoreamento do porto desta vila, assiste-se ao povoamento da agora península através da implantação de dois núcleos urbanos: Peniche-o-Velho (actual Peniche de Cima) e Ribeira (actual Peniche de Baixo), estando este último na génese da jovem povoação de Peniche, elevada em 1609 à categoria de vila e sede de concelho, autonomizando este território peninsular do concelho de    
Este crescimento urbano, resultante do progressivo aumento do número de moradores na povoação, foi proporcionado pela intensa exploração dos recursos económicos disponíveis na península de Peniche, destacando-se a vigência de uma agricultura assente no cultivo dos cereais e da vinha, a construção naval e, obviamente, a pesca. Por outro lado, também a edificação faseada de um sólido sistema defensivo, processo iniciado por D. Luís de Ataíde (Conde de Atouguia e Vice-rei da Índia entre 1568-71 e 1578-81), parece ter contribuído para um certo clima de prosperidade, ao inibir os até aí frequentes ataques da pirataria muçulmana norte-africana e ao impossibilitar desembarques hostis.

Com efeito, na sequência do desembarque inglês de 1589, no qual um exército invasor liderado por D. António Prior do Crato, pretendente ao trono de Portugal, e pelo general inglês John Norris, desembarcando junto à Consolação, marchou com relativa facilidade até às portas de Lisboa, trataram os monarcas filipinos e, principalmente, D. João IV, de fortificar a península de Peniche com um sólido e imponente sistema defensivo de forma a evitar a sua tomada ou o desembarque nas suas praias de forças invasoras hostis à nacionalidade.

Este complexo sistema defensivo, concluído no séc. XVII, era constituído por várias fortificações localizadas sobranceiramente ao mar, vigiando o acesso a vários pontos da costa considerados de vital importância estratégica. O acesso à Vila de Peniche era condicionado pela presença da Fortaleza de Peniche e de um longo pano amuralhado, que se estendia perpendicularmente à península de Peniche ligando o Forte das Cabanas, no Sul, ao Forte de Nossa Senhora da Luz, no extremo Norte da península.


Completando a defesa da região, encontravam-se os fortes de S. João Baptista, construído na Ilha da Berlenga, e de Nossa Senhora da Consolação, localizado no dito lugar da Consolação.
Durante os séc. XIX e XX verifica-se no concelho de Peniche a consolidação de uma estrutura económica e social assente na exploração dos recursos agrícolas e numa intensa actividade piscatória, realidade que perdurou até à actualidade.


Se no interior do concelho a presença de cursos de água, como o rio de S. Domingos ou a ribeira de Ferrel, possibilitaram o desenvolvimento neste período de uma importante actividade agrícola, que polvilhou a paisagem rural com férteis hortas e pomares, já na faixa litoral do concelho, particularmente na península de Peniche, prevaleceram a faina piscatória e indústrias adjacentes como principais actividades de subsistência. De um ponto de vista administrativo, assiste-se em 1836 à extinção do concelho de Atouguia da Baleia, e à anexação do seu território pelo concelho de Peniche, estabelecendo-se os actuais limites do território concelhio.
Já durante o séc. XX, decorre uma rápida e profunda transformação da actividade piscatória, traduzida na substituição das tradicionais embarcações e técnicas de captura pela moderna traineira motorizada, prevalecendo a produtiva pesca de cerco.
Fruto desta evolução presencia-se o desenvolvimento de várias indústrias ligadas à pesca, como a congelação, a salicultura, a indústria conserveira ou a construção naval, actividades que associadas ao cultivo da vinha complementam o tecido produtivo desta península. Neste período tem lugar também a uma lenta mas progressiva melhoria da qualidade de vida das populações do concelho. 
Nesse sentido são criados, durante a primeira metade do séc. XX, vários bairros operários e de pescadores, em substituição de velhas habitações abarracadas; implanta-se uma rede pública de abastecimento de água, em substituição dos ancestrais poços comunitários e cisternas, e é introduzida, de forma particularmente precoce, a energia eléctrica.
Esta lenta melhoria das condições de vida, que se estende pela 2ª metade do século passado, não diminuiu todavia as dificuldades da árdua labuta piscatória e agrícola. Pese embora as transformações económicas e sociais verificadas no último quartel do séc. XX, decorrentes particularmente da adesão de Portugal à União Europeia, esta labuta continua a pautar a vida das gentes de Peniche, moldando a maneira de ser do Homem e da Mulher Penichenses. Peniche assenta sobre uma península com cerca de 10 km de perímetro, constituindo o seu extremo ocidental o Cabo Carvoeiro. A costa é formada por imponentes rochedos e por magníficas praias de banhos, de grande extensão, debruçando-se sobre o oceano num desfilar constante de aspectos surpreendentes a maravilharem os olhos dos visitantes a Peniche, à vista sobre o Atlântico, para o lado ocidental, fica o Arquipélago da Berlenga. Foi lançada no mês de Setembro de 2009, a Candidatura da Berlenga a Reserva da Biosfera, entregue o dossier na Comissão Nacional da UNESCO - Lisboa em 24 Setembro de 2009. O concelho de Peniche viu desde tempos remotos o seu território ocupado por populações que explorando os recursos naturais disponíveis viram na pesca e na agricultura as suas principais actividades económicas. A sua especificidade geo-morfológica, oscilando entre uma realidade insular / peninsular, parece ter moldado e condicionado de um ponto de vista socio-económico e cultural, as populações que ao longo dos tempos ocuparam este território, permitindo simultaneamente que o concelho de Peniche fosse palco de importantes acontecimentos históricos de índole nacional e internacional.

Fonte: www.cm-peniche.pt


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