Apontamento AuToCaRaVaNiStA:
Linhares da Beira, Aldeia Medieval de beleza incontornável do nosso rico património edificado. Aldeia fortificada pelo seu Castelo Altaneiro, nas fraldas da Serra da Estrela. Uma das mais belas aldeias medievais de Portugal, construída predominantemente em granito, a não perder, recomendadíssima pelo Portal AuToCaRaVaNiStA para quem ainda não a visitou.
HISTÓRIA:
Linhares é uma espantosa aldeia histórica do concelho de Celorico da Beira, museu ao ar livre, com um passado rico bem guardado até aos nossos dias. Cada uma das pedras das magníficas ruas que aqui existem, contam-nos histórias fantásticas, e a importância que esta aldeia teve no passado. Situa-se, na meia-encosta da vertente nordeste da Serra da Estrela, à altitude de 180metros, que merece uma atenção especial de qualquer visitante interessado, a deslumbrar magníficas paisagens, de cultura e arte medievais e renascentistas, de ar puro, e águas frescas e puras. Tem uma paisagem montanhosa, típica da Beira. Da estrada que dá acesso a Linhares, com um pavimento muito bom, pode complementar-se a maravilhosa paisagem. Aqui a paisagem é multifacetada, onde os solos são muito férteis e há água em abundância, tudo é muito verde.
Através do fogo e do corte abriram-se clareiras no meio florestal que permitiram o avanço progressivo dos arbustos. Desta forma, vemos vastas áreas cobertas por um meio onde domina o estrato arbustivo, muito característico, e bastante bonito, ver tudo amarelo, que é a Giesta-das-Serras (Cytisus Striatus), também os piornais (Genista Florida), e ainda o Sargaço (Halimium alyssoides). Em direcção da serra, o relevo é mais acentuado. Manchas de pinheiro bravo misturado com o carvalho negral vão descendo a encosta, para darem lugar ao castanheiro, à oliveira e às vinhas; culturas arvenses a par com fruteiras abundantes e milheirais verdes, substituídos no Outono por prados cultivados. Vila de fundação medieval, com foral concebido em 1169 por D. Afonso Henriques, Linhares virá a perder este estatuto de vila com a reforma administrativa liberal de 1855. Apesar do local ter conhecido a fixação de povos pré-romanos e existir registosescritos da passagem dos visigodos, romanos e muçulmanos, a história de Linhares associada à estrutura fortificada e ao modelo urbanístico hoje consolidado no seu núcleo histórico, tem origem no contexto gerado com a Reconquista Cristã.
Estabilizadas as fronteiras do reino português, Linhares continuou a ter importância estratégica pelo menos até ao séc. XVI, pois fazia parte do sistema defensivo que guardava a Bacia do Mondego, na retaguarda das fortificações da raia beirã. A estrutura de ocupação do espaço da vila de Linhares conjuga assim um modelo característico de povoamento medieval (sécs. XII-XIV), com desenvolvimentos significativos no período quinhentista (séc. XVI). Nesta centúria a Vila terá atingido uma configuração próxima da actual, ainda que no património edificado pensem, pelo impacto no teci
do urbano, algumas construções mais tardias (sécs. XVII-XIX).
O castelo, implantado num cabeço rochoso a cerca de 820m de altitude e dominando o Vale do Mondego, constituiu o núcleo gerador do aglomerado. Na encosta, sobranceira à várzea de Linhares e cruzada por antiga via romana, estendeu-se a povoação: o sistema fortificado, entregue a um alcaide e dispondo de pequena guarnição militar, defendia um território bem como a sua população e bens; o foral concedido pelo Rei, prescrevia a autonomia concelhia e organizava a vida económica e social do povoado; a igreja estabeleceu as paróquias. A estrutura urbana de Linhares e a disposição dos seus espaços fundamentais reflectem esta organização militar, administrativa e social. A vila descreve, no sopé do Castelo, um perímetro triangular, em cujos vértices se situam três espaços ordenadores da malha urbana: o Largo da Misericórdia, à entrada da povoação; o Largo de S. Pedro, na zona denominada " Cimo da Vila", e o Largo da Igreja, próximo do Castelo e no acesso ao campo da Corredora. Estes largos definiram-se em torno de Igrejas, hoje desaparecida a de S. Pedro, e constituíam o centro das paróquias de fundação medieval. A malha urbana desenvolvida dentro destes limites foi muito condicionada pela natureza acidentada do terreno e por limitações de espaço, onde as construções se sucediam sem obediência a uma planificação prévia. Por isso, os quarteirões são irregulares e de dimensão variável. A separá-los, ruas estreitas de perfil sinuoso ou travessas que recortam as casas, umas e outras ponteudas aqui e ali por escadas. A mancha construída, compacta e densa, foi feita de habitações erguidas em parcelas pouco profundas e com as frentes alinhadas tanto quanto possível para a via principal.
Esta preocupação de introduzir alguma disciplina no traçado urbano, levou a dissimular os logradouros das casas atrás de muros, mas não evitou ainda assim que as escadas das habitações se lançassem sobre o espaço público. No efeito global, por vezes labiríntico e indisciplinado, a Linhares medieval e quinhentista surpreende pela ordenação racional das suas principais artérias. Com efeito, a Vila estruturou-se a partir de três eixos principais. Outros espaços são ainda possíveis relacionar com a vivência urbana mais antiga de Linhares, mesmo que o tempo os tenha matizado com remodelações posteriores. Da preocupação para com o pobre, peregrino e doente, sobra-nos o edifício do Largo da Misericórdia que acolheu duas instituições de assistência típicas da sociedade medieval e moderna: a Albergaria do Hospital e este da Misericórdia. Também do abastecimento de água, dentro das medidas de higiene pública ao cuidado especial do concelho, temos para observar três fontes documentado esta arquitectura de equipamento dos séculos XII, XVI e XIX.
Já no domínio da habitação os exemplos são mais profusos. A bordejar a vila pela periferia, e onde os prédios urbanos se associam melhor à propriedade agrícola ou podem beneficiar de maior espaço livre, emergem naturalmente as casas nobres: são os solares dos sécs. XVIII e XIX, dois deles integrando estruturas mais antigas (sécs. XVI / XVII). A casa tradicional da região encontra-se disseminada por toda a vila e constituía modelo praticamente comum. Mas nem todas são iguais na dimensão, nos materiais ou na decoração utilizada. Destacam-se, pelo número avultado de exemplos, as que mostram janelas e portas especialmente cuidadas ao gosto Manuelino (séc. XVI ), quase sempre moradias de proprietários agrícolas mais abastados ou de burguesia local ligada ao comércio. Dentro deste último grupo, contava-se a comunidade judaica, minoria étnica e religiosa obrigada a viver apartada da comunidade cristã e cujo bairro - ou judiaria - se situava numa transversal à Rua Direita. Sobre a porta de acesso ao bairro (Arco) figura uma das mais elaboradas janelas Manuelinas.
O Castelo perfilado no horizonte e o casario compacto desenhado na encosta anunciavam o pequeno mundo urbano de Linhares a quem vinha pela Estrada dos Almocreves ou estrada romana. E o primeiro contacto com a Vila era feito através do Largo da Misericórdia, aqui terminando a calçada antiga e daqui partindo a artéria principal de penetração no aglomerado. Nos espaços organizadores da vida social de Linhares, o Largo da Misericórdia ganhou uma especificidade própria como lugar de utilização pública. A proximidade da estrada elegeu-o na época medieval sítio adequado para a existência de uma Albergaria; mais tarde, quando a Misericórdia foi introduzida em Linhares no séc. XVI, aqui se instalou o Hospital, à sombra tutelar da Igreja. Um largo é por si um espaço de referência para a comunidade e surge por isso dimensionado a esta medida: preserva sempre uma área desafogada de construções e nele se erguem edifícios que arquitectonicamente se distinguem na paisagem urbana. Quase sempre tem origem numa igreja e pode comportar um edifício público, uma fonte ou uma ou outra casa pertencente a famílias favorecidas pelo nascimento ou pela fortuna. Do século XVI e do século XVIII, dois períodos que vêem Linhares prosperar economicamente, conserva este Largo: uma casa com janelas decoradas ao gosto manuelino, entre outras que pela Vila se podem observar e um solar barroco, cuja implantação no limite urbano permite associar a casa a uma extensa propriedade.
Numa zona periférica do Largo e na proximidade da Albergaria/Hospital, há ainda a notar a presença da Fonte. Mas Linhares orgulha-se do seu imponente e poderoso castelo, que juntamente com outros castelos, começaram por garantir a organização territorial da Serra da Estrela no séc. XII, embora já desde o séc. X, esta zona fosse palco de incursões de mouros cristãos. A arquitectura do seu castelo é essencialmente militar, é um castelo de montanha românico e gótico. É uma estrutura fortificada medieval, os castelos serviram para reorganizar militar e administrativamente os territórios incorporados no reino português, garantindo assim o seu povoamento, à medida que se progredia na Reconquista e se iam definindo, entre avanços e recuos, zonas de fronteira, com os muçulmanos para Sul, com reinos vizinhos cristãos para Leste. Linhares, juntamente com outros castelos, começaram por garantir a organização territorial da Serra da Estrela no séc.XII.Com o estabelecimento dos actuais limites do país ainda no séc. XII, Linhares não perdeu importância estratégica. Continuou a integrar a linha defensiva da Bacia do Mondego, retaguarda do sistema defensivo implantado na raia beirã ao longo do Côa. Esta linha mais avançada teve por função suster as disputas territoriais de leoneses e castelhanos no séc. XIV. Só com a centúria de quinhentos começaram a surgir as fortificações modernas abaluartadas, ditando-se assim o fim ao castelo medieval como estrutura defensiva.
O castelo ocupa um cabeço rodeado por penedos graníticos escarpados, com excepção da encosta onde se situa a povoação. Beneficia assim de condições naturais de defesa aproveitadas pela arquitectura militar. A planta é por isso muito irregular. As muralhas, que assentam nos maciços rochosos, adaptam-se ao terreno e descrevem um complexo circuito pontuado por linhas curvas e rectas, criando-se assim eficazes ângulos de tiro e vigia a partir do adarve, ou o caminho que percorre a muralha. Dois recintos distinto se observam neste espaço fechado definido pela cerca em pedra e ao qual se acede por portas. O de maior perímetro, localizado a Oeste, corresponderia à alcáçova: dividido por um pano de muralha e assegurada a comunicação por uma porta interior, esta zona caracterizava-se por ser de natureza estritamente militar. Aqui se situava a Torre de Menagem, entregue ao Alcaide, e último reduto defensivo, bem como construções que albergavam a guarnição militar residente. As cisternas serviam para armazenar água, vitais em caso de cerco, constituíam outra estrutura comum nesta arquitectura defensiva. O segundo recinto do Castelo, situado a Este, integrou eventualmente um núcleo populacional civil, embora seja mais provável a sua utilização como espaço de recolha de gentes e gados quando a situação de conflito a isso obrigava.
Tanto mais que a povoação, estendia a Sul, não se encontrava protegida por cerca urbana, como em muitos outros castelos da Beira. Uma outra torre, no flanco mais a Este, completava a estrutura defensiva de Linhares. Um castelo nunca tem uma data única de construção, dadas as destruições e remodelações que ia sofrendo. Além do mais, entre os séculos XII e XIV, balizas cronológicas prováveis para o Castelo de Linhares, novos dispositivos militares foram sendo introduzidos e aplicados nas sucessivas reedificações. Da centúria de trezentos devem datar os balcões com matacães da Torre Menagem, novidade introduzida no reinado de D. Dinis, que permitia tiro vertical. O aspecto que o Castelo hoje oferece, está também longe da realidade medieval, faltando-lhe alguns elementos da sua própria funcionalidade: as ameias sobre a muralha, à semelhança do que existe no coroamento das torres; peças em madeira, como portas e escadas; ou os interiores das torres, reconstruídos no séc. XX. Comece a visitar as relíquias desta aldeia, espreitando a chamada Calçada Romana, que fazia parte da grande via militar que atravessava a Serra da Estrela, que sobe fronteira à igreja da Misericórdia. Estas estradas foram perdendo o seu interesse, com o aparecimento das estradas e de meios de transporte modernos, mas que é património que se deve conservar. Faça uma pausa no Largo da Misericórdia, onde poderá entrar no interior do templo, que foi de Santo Isidoro, extinta no séc. XVI. Passa a Misericórdia quando esta instituição assistência se funda em Linhares no ano de 1576.
De fundação românica, foi muito alterada no séc. XVII. Tem um retábulo de talha barroca e interessantes pinturas de transição para o séc. XVII na capela-mor e uma preciosa bandeira de procissão, que esteve presente em 1958, na Exposição Comemorativa do Nascimento da Rainha Dona Leonor, fundadora da Misericórdias, ao lado de muitas outras, foi considerada uma das mais belas do país. Ao lado da Igreja, fica a velha Albergaria do séc. XII, de apoio a viajantes e peregrinos, que se terá acrescentado no séc. XVI, tornando-se então hospital. O povo fez daquele antiquíssimo monumento, a residência de Dona Lôpa, que era servida pelo demónio, por isso na fachada principal podem-se observar duas gárgulas, que são identificadas com o Diabo e a Cabra, também existe um nicho com a imagem de Santo António. Do outro lado do Largo, fica o Solar da família Corte Real, que a desgraça um dia atingiu e agora aguarda a sorte de se tornar em Pousada de Portugal. Arquitectura civil residencial barroca da 2ª metade do séc. XVIII, a fachada é enquadrada por pilastras, nela se abrindo número regular e simétrico de janelas; a empresa apresenta-se rematada por cornija que se eleva em recorte para formar o frontão destinado a receber o brasão da família. Só por curiosidade, espreitem a chaminé do edifício, como é de grande dimensão. Ainda no largo, não deixe de olhar as duas janelas manuelinas da sua face norte. E entre na Rua Direita. Vá reparando nos portais de arestas biseladas e nas janelas manuelinas, séc. XVI, de moradas antigas que testemunham grandezas desse século de ouro de Quinhentos, com tão forte marca em Linhares. Na Praça, existe um significativo conjunto de memórias: o pelourinho manuelino, que assinalava um dos poderes consignados no foral: o exercício da justiça. Aqui eram também aplicados, à frente de todos, os castigos corporais ditados pelo juiz aos infractores das leis do Concelho, prática caída em desuso pelo séc. XIV. Com D. Manuel I, a rude coluna medieval ressurge investida de outra simbólica e por isso objecto de aplicado trabalho artístico.
A coroar o Pelourinho uma ornamentação heráldica: a Esfera Armilar e a Cruz de Cristo, símbolos de D. Manuel, colocados em todos os edifícios por este rei mandados construir ou remodelar. O fórum, que foi tribuna para assento dos homens bons do concelho e que, no espaldar da sua sédia maior, tem inscritas antigas armas da vila, a fonte de mergulho, debaixo do terraço do fórum, e ainda a mais recente Casa da Câmara. Na fachada principal, extensa superfície de granito com poucos vãos, sobressaem os poderosos cunhais e a cornija a enquadrá-la, abrindo-se ao centro o portal e a janela de sacada, e por cima as armas reais de D. Maria I (séc. XVIII). O interior organiza-se a partir de um átrio lajeado, de onde arranca a escadaria de acesso ao piso superior. No térreo existiu, conforme o hábito da época, a cadeia. Actualmente é sede de Junta de Freguesia de Linhares. O Solar Brandão de Melo, fica logo a seguir, tem uma arquitectura civil residencial do séc. XIX, de influência neoclássica, no alinhamento urbano, distingue-se um conjunto de construções que conjuga celeiros, cavalariças, provavelmente a primitiva residência senhorial, e logo a seguir é a Capela dos Passos. A Rua Direita inflecte então para a esquerda, deixando, a deslado, a Capela da Santa Eufêmia. Apetece entrar em todas as ruas que dela se desprendem, cada uma delas com as suas memórias. A Rua do Passadiço, que se abre sob o arco da Casa do judeu, com a janela manuelina de maior dimensão, e com a decoração mais elaborada no conjunto dos vãos de Linhares ornamentados ao gosto manuelino. Aos arcos de cortina dobrado e polilobano invertido, juntam-se outros elementos habitualmente presentes nas composições decorativas do manuelino: cordões, rosetas e cogulhos, este arco conduz ao mais elevado Largo de S. Pedro, de onde desce a Rua de S. Pedro, com singular iconografia no lintel de algumas janelas e portas. Agora na Rua do Arco, contém a sugestiva presença de um pórtico de velha residência. A Rua da Igreja abre-se para a praça do mesmo nome, e para ela dá a fachada de um templo barroco que teve fundação românica.
A capela-mor, com altar de talha do início do séc. XVII, as tábuas que ocupam os nichos laterais do retábulo e uma outra num recanto da nave, pintadas no século XVI por homens da escola de Grão Vasco, e as duas capelas laterais, de 1613 e 1651, valem a visita. O solar Pina Aragão, de arquitectura civil residencial, do séc. XVIII/XIX, encontra-se situado na zona mais alta e declivosa da povoação, numa artéria secundária com ligação ao Largo da Igreja. Para além do logradouro confinante com o edifício de habitação, faz parte da propriedade de outro quarteirão, para Este, incluindo vasto espaço hortícola e zona de lazer antes jardinada. Na proximidade é ainda visível uma construção autónoma, com pátio, onde se situavam as cavalariças. Edificada no séc. XVIII, esta casa nobre exibe influência barroca na composição da fachada principal. Atrás da Igreja, fica a fonte de S. Caetano (1890), de boa cantaria de onde se desfruta de uma boa perspectiva sobre o castelo, com duas altíssimas torres que protegem vastos recintos interiores definidos por fortes muralhas. Feitos heróicos de defesa destas terras da Beira ligam-se aos seus alcaides. Do Largo do Castelo pode descer pela Rua da Igreja até ao Pelourinho ou pode descer logo pela Rua dos Penedos até ao Largo da Misericórdia, onde vai encontrar um velho pombal e uma fonte de mergulho com as armas de Linhares. A extinção do concelho de Linhares, em 1855, e a sua integração de vários séculos de grandeza e autonomia, deixou nos seus habitantes, uma certa frustração e desencanto. Linhares da Beira, já se conformou com a ideia de um simples decreto, transformar a antiga e nobre Vila de Linhares numa aldeia perdida na encosta da Serra da Estrela.
Mas, já vai longe, o tempo em que era perdida e esquecida, porque hoje Linhares, é o encanto de milhares de visitantes, que não se cansam, de a visitar inúmeras vezes. É conhecida de Norte a Sul do País, e também digna de constar em todos os roteiros turísticos. Além do simples turista, há a salientar as visitas ilustres que Linhares já acolheu, como Entidades Oficiais do Governo. A população de Linhares da Beira infelizmente é escassa, como acontece em todas as aldeias, vive em função do que a terra lhes dá e da pastorícia. Os mais novos abandonam a povoação, procurando ganhar a vida noutras paragens. Em Linhares conhecem-se essencialmente idosos e alguns adultos, que a saudade obrigou a regressar. O risco de Linhares se transformar, numa aldeia fantasma, já foi mais iminente do que hoje em dia, nesse sentido existe um Plano de Dinamização da Aldeia. Nele inclui-se a Recuperação de Fachadas e Coberturas dos edifícios, que adulteram a beleza da aldeia. Assim este programa, permitirá uma melhoria, em termos estéticos e patrimoniais desta Aldeia Histórica, bem como das condições de vida da população aqui residente. Contribuirá, ainda para a dinamização do centro histórico, na medida em que prevê, que este projecto provoque um aumento do fluxo turístico, com reflexos positivos nas actividades económicas, que aqui já existem, como no surgimento de novos projectos de iniciativa privada. Em termos de infra-estruturas temos a Rede Telefónica e a Distribuição do Sinal TV que pretende, além de uma restauração estética de toda a povoação, optando-se por uma distribuição subterrânea, melhorar significativamente as condições dos actuais e futuros clientes, bem como a qualidade do serviço prestado pela Portugal Telecom.
No âmbito do Programa de Recuperação da Aldeia, temos também em execução os Arruamentos da Aldeia, no sentido de dignificar e valorizar a imagem urbana e dos espaços públicos principalmente uma melhoria geral das condições viárias de acesso e circulação no centro histórico. Será beneficiada directamente, sem sombra de dúvidas, a população residente na área de intervenção como também as diferentes actividades económicas existentes, particularmente as actividades turísticas. Outro grande projecto a realizar é o novo Acesso ao Centro Histórico, tem como finalidade permitir uma melhor circulação em Linhares, ou seja, melhorar os acessos ao Castelo, eliminando assim, o trânsito no Centro Histórico. Actualmente, a circulação de autocarros não é possível, mas será criado um parque de estacionamento automóvel e ainda um parque de autocarros. Esta permite assim, que um vasto grupo de visitantes, desfrute da visita com maior facilidade e comodidade. -Eu sou Alcaide-Mor do Castelo de Linhares. D. Afonso Henriques foi o meu Rei, tive pagens, tive Cavaleiros, honrámos sempre estes montes Hermínios, e tinha saudades do meu povo que se divertia no terreiro. Eu descia do Castelo para os dignificar e com eles caminhar por todo o além-mar, por todos os ares, para que todo o mundo conheça o museu ao ar livre, que é Linhares. Aí a tendes Portugueses, aí a tens povo em geral, para honrar a nossa história repleta de glória em todos os lares, a aldeia de Linhares da Beira para dignificar o turismo nacional.
E aqui estou Portugueses, com uma coragem inabalável, pronto para defender o meu Castelo, como defendi sempre, o defenderei agora; de espada em punho para dar ao testemunho, como o deu o Alcaide Faria, outrora. E para terminar não me chamem o Alcaide impiedoso, porque sou tudo o que resta da batalha de Trancoso." No âmbito deste Programa encontra-se ainda englobadas a recuperação de dois edifícios solarengos "Casa Brandão de Melo" e "Solar Corte Real". É nestes dois espaços que vai nascer a futura Pousada, que será o grande empreendimento de que Linhares necessita para se projectar para o exterior. Mantém-se desta forma a filosofia do programa e traz-se uma mais-valia para o Turismo de Qualidade na região. Este município não violando o Plano da Aldeia pretende fazer as devidas adaptações para que Linhares possa enfim ser uma Aldeia Histórica em Movimento. Até o desporto aventura, encontra em Linhares da Beira, as melhores condições para a sua prática, o desporto radical que é o parapente. Não é de qualquer forma que chamam a Linhares "Capital do Parapente". Existe uma escola de parapente do Inatel, para novos adeptos, desta apaixonante e atraente modalidade. Estes, durante o tempo de aprendizagem, podem ficar alojados no edifício denominado "Casa do Parapentista". Todos os anos, nos finais de Julho ou princípio de Agosto, realiza-se o "Open de Parapente da Serra da Estrela", que atrai multidões. Além de oferecer, momentos de lazer, paisagens de rara beleza, também nos dá a conhecer, a gastronomia Serrana. São eles sabores saudáveis, de uma serra cintilante de várias delícias, onde tudo continua a nascer puro e natural; o leite do famoso Queijo da Serra da Estrela, o requeijão com o doce de abóbora, a castanha, o centeio para o pão e finalmente o Cabrito Serrano.
Pode-se saborear todos estes manjares, nos dois restaurantes da aldeia, nos dois Cafés existentes "petisque", umas chouriças de carne assadas na brasa, e nos artesanatos observe as morcelas a ganhar cor, sobre o lume, e porque não levar algumas para casa, e algum objecto como recordação, que esteve na Aldeia História de Linhares da Beira. Além dos artesanatos também pode fazer algumas compras de artigos regionais, na Mercearia que aqui existe. As gentes de Linhares são imagem viva de simplicidade e hospitalidade, são pessoas que nos olham nos olhos e nos abrem a alma. Marcadas pelo rigor do tempo e pela dureza do trabalho, são pessoas que estão sempre com o "coração aberto" para receber os visitantes, são assim as gentes deste Concelho de Celorico da Beira. Depois de admirar toda a beleza aqui existente, de saborear todas as delícias da região, de ver todos os projectos que estão realizados e outros que vão realizar-se, podemos constatar, com os nossos próprios olhos que o desenvolvimento desta aldeia, não é um sonho mas sim uma realidade. Pode-se dizer, que vale a pena viver numa aldeia como Linhares, que é um autêntico Museu ao ar livre.
do urbano, algumas construções mais tardias (sécs. XVII-XIX).
O castelo, implantado num cabeço rochoso a cerca de 820m de altitude e dominando o Vale do Mondego, constituiu o núcleo gerador do aglomerado. Na encosta, sobranceira à várzea de Linhares e cruzada por antiga via romana, estendeu-se a povoação: o sistema fortificado, entregue a um alcaide e dispondo de pequena guarnição militar, defendia um território bem como a sua população e bens; o foral concedido pelo Rei, prescrevia a autonomia concelhia e organizava a vida económica e social do povoado; a igreja estabeleceu as paróquias. A estrutura urbana de Linhares e a disposição dos seus espaços fundamentais reflectem esta organização militar, administrativa e social. A vila descreve, no sopé do Castelo, um perímetro triangular, em cujos vértices se situam três espaços ordenadores da malha urbana: o Largo da Misericórdia, à entrada da povoação; o Largo de S. Pedro, na zona denominada " Cimo da Vila", e o Largo da Igreja, próximo do Castelo e no acesso ao campo da Corredora. Estes largos definiram-se em torno de Igrejas, hoje desaparecida a de S. Pedro, e constituíam o centro das paróquias de fundação medieval. A malha urbana desenvolvida dentro destes limites foi muito condicionada pela natureza acidentada do terreno e por limitações de espaço, onde as construções se sucediam sem obediência a uma planificação prévia. Por isso, os quarteirões são irregulares e de dimensão variável. A separá-los, ruas estreitas de perfil sinuoso ou travessas que recortam as casas, umas e outras ponteudas aqui e ali por escadas. A mancha construída, compacta e densa, foi feita de habitações erguidas em parcelas pouco profundas e com as frentes alinhadas tanto quanto possível para a via principal.
Esta preocupação de introduzir alguma disciplina no traçado urbano, levou a dissimular os logradouros das casas atrás de muros, mas não evitou ainda assim que as escadas das habitações se lançassem sobre o espaço público. No efeito global, por vezes labiríntico e indisciplinado, a Linhares medieval e quinhentista surpreende pela ordenação racional das suas principais artérias. Com efeito, a Vila estruturou-se a partir de três eixos principais. Outros espaços são ainda possíveis relacionar com a vivência urbana mais antiga de Linhares, mesmo que o tempo os tenha matizado com remodelações posteriores. Da preocupação para com o pobre, peregrino e doente, sobra-nos o edifício do Largo da Misericórdia que acolheu duas instituições de assistência típicas da sociedade medieval e moderna: a Albergaria do Hospital e este da Misericórdia. Também do abastecimento de água, dentro das medidas de higiene pública ao cuidado especial do concelho, temos para observar três fontes documentado esta arquitectura de equipamento dos séculos XII, XVI e XIX.
Já no domínio da habitação os exemplos são mais profusos. A bordejar a vila pela periferia, e onde os prédios urbanos se associam melhor à propriedade agrícola ou podem beneficiar de maior espaço livre, emergem naturalmente as casas nobres: são os solares dos sécs. XVIII e XIX, dois deles integrando estruturas mais antigas (sécs. XVI / XVII). A casa tradicional da região encontra-se disseminada por toda a vila e constituía modelo praticamente comum. Mas nem todas são iguais na dimensão, nos materiais ou na decoração utilizada. Destacam-se, pelo número avultado de exemplos, as que mostram janelas e portas especialmente cuidadas ao gosto Manuelino (séc. XVI ), quase sempre moradias de proprietários agrícolas mais abastados ou de burguesia local ligada ao comércio. Dentro deste último grupo, contava-se a comunidade judaica, minoria étnica e religiosa obrigada a viver apartada da comunidade cristã e cujo bairro - ou judiaria - se situava numa transversal à Rua Direita. Sobre a porta de acesso ao bairro (Arco) figura uma das mais elaboradas janelas Manuelinas.
O Castelo perfilado no horizonte e o casario compacto desenhado na encosta anunciavam o pequeno mundo urbano de Linhares a quem vinha pela Estrada dos Almocreves ou estrada romana. E o primeiro contacto com a Vila era feito através do Largo da Misericórdia, aqui terminando a calçada antiga e daqui partindo a artéria principal de penetração no aglomerado. Nos espaços organizadores da vida social de Linhares, o Largo da Misericórdia ganhou uma especificidade própria como lugar de utilização pública. A proximidade da estrada elegeu-o na época medieval sítio adequado para a existência de uma Albergaria; mais tarde, quando a Misericórdia foi introduzida em Linhares no séc. XVI, aqui se instalou o Hospital, à sombra tutelar da Igreja. Um largo é por si um espaço de referência para a comunidade e surge por isso dimensionado a esta medida: preserva sempre uma área desafogada de construções e nele se erguem edifícios que arquitectonicamente se distinguem na paisagem urbana. Quase sempre tem origem numa igreja e pode comportar um edifício público, uma fonte ou uma ou outra casa pertencente a famílias favorecidas pelo nascimento ou pela fortuna. Do século XVI e do século XVIII, dois períodos que vêem Linhares prosperar economicamente, conserva este Largo: uma casa com janelas decoradas ao gosto manuelino, entre outras que pela Vila se podem observar e um solar barroco, cuja implantação no limite urbano permite associar a casa a uma extensa propriedade.
Numa zona periférica do Largo e na proximidade da Albergaria/Hospital, há ainda a notar a presença da Fonte. Mas Linhares orgulha-se do seu imponente e poderoso castelo, que juntamente com outros castelos, começaram por garantir a organização territorial da Serra da Estrela no séc. XII, embora já desde o séc. X, esta zona fosse palco de incursões de mouros cristãos. A arquitectura do seu castelo é essencialmente militar, é um castelo de montanha românico e gótico. É uma estrutura fortificada medieval, os castelos serviram para reorganizar militar e administrativamente os territórios incorporados no reino português, garantindo assim o seu povoamento, à medida que se progredia na Reconquista e se iam definindo, entre avanços e recuos, zonas de fronteira, com os muçulmanos para Sul, com reinos vizinhos cristãos para Leste. Linhares, juntamente com outros castelos, começaram por garantir a organização territorial da Serra da Estrela no séc.XII.Com o estabelecimento dos actuais limites do país ainda no séc. XII, Linhares não perdeu importância estratégica. Continuou a integrar a linha defensiva da Bacia do Mondego, retaguarda do sistema defensivo implantado na raia beirã ao longo do Côa. Esta linha mais avançada teve por função suster as disputas territoriais de leoneses e castelhanos no séc. XIV. Só com a centúria de quinhentos começaram a surgir as fortificações modernas abaluartadas, ditando-se assim o fim ao castelo medieval como estrutura defensiva.
O castelo ocupa um cabeço rodeado por penedos graníticos escarpados, com excepção da encosta onde se situa a povoação. Beneficia assim de condições naturais de defesa aproveitadas pela arquitectura militar. A planta é por isso muito irregular. As muralhas, que assentam nos maciços rochosos, adaptam-se ao terreno e descrevem um complexo circuito pontuado por linhas curvas e rectas, criando-se assim eficazes ângulos de tiro e vigia a partir do adarve, ou o caminho que percorre a muralha. Dois recintos distinto se observam neste espaço fechado definido pela cerca em pedra e ao qual se acede por portas. O de maior perímetro, localizado a Oeste, corresponderia à alcáçova: dividido por um pano de muralha e assegurada a comunicação por uma porta interior, esta zona caracterizava-se por ser de natureza estritamente militar. Aqui se situava a Torre de Menagem, entregue ao Alcaide, e último reduto defensivo, bem como construções que albergavam a guarnição militar residente. As cisternas serviam para armazenar água, vitais em caso de cerco, constituíam outra estrutura comum nesta arquitectura defensiva. O segundo recinto do Castelo, situado a Este, integrou eventualmente um núcleo populacional civil, embora seja mais provável a sua utilização como espaço de recolha de gentes e gados quando a situação de conflito a isso obrigava.
Tanto mais que a povoação, estendia a Sul, não se encontrava protegida por cerca urbana, como em muitos outros castelos da Beira. Uma outra torre, no flanco mais a Este, completava a estrutura defensiva de Linhares. Um castelo nunca tem uma data única de construção, dadas as destruições e remodelações que ia sofrendo. Além do mais, entre os séculos XII e XIV, balizas cronológicas prováveis para o Castelo de Linhares, novos dispositivos militares foram sendo introduzidos e aplicados nas sucessivas reedificações. Da centúria de trezentos devem datar os balcões com matacães da Torre Menagem, novidade introduzida no reinado de D. Dinis, que permitia tiro vertical. O aspecto que o Castelo hoje oferece, está também longe da realidade medieval, faltando-lhe alguns elementos da sua própria funcionalidade: as ameias sobre a muralha, à semelhança do que existe no coroamento das torres; peças em madeira, como portas e escadas; ou os interiores das torres, reconstruídos no séc. XX. Comece a visitar as relíquias desta aldeia, espreitando a chamada Calçada Romana, que fazia parte da grande via militar que atravessava a Serra da Estrela, que sobe fronteira à igreja da Misericórdia. Estas estradas foram perdendo o seu interesse, com o aparecimento das estradas e de meios de transporte modernos, mas que é património que se deve conservar. Faça uma pausa no Largo da Misericórdia, onde poderá entrar no interior do templo, que foi de Santo Isidoro, extinta no séc. XVI. Passa a Misericórdia quando esta instituição assistência se funda em Linhares no ano de 1576.
De fundação românica, foi muito alterada no séc. XVII. Tem um retábulo de talha barroca e interessantes pinturas de transição para o séc. XVII na capela-mor e uma preciosa bandeira de procissão, que esteve presente em 1958, na Exposição Comemorativa do Nascimento da Rainha Dona Leonor, fundadora da Misericórdias, ao lado de muitas outras, foi considerada uma das mais belas do país. Ao lado da Igreja, fica a velha Albergaria do séc. XII, de apoio a viajantes e peregrinos, que se terá acrescentado no séc. XVI, tornando-se então hospital. O povo fez daquele antiquíssimo monumento, a residência de Dona Lôpa, que era servida pelo demónio, por isso na fachada principal podem-se observar duas gárgulas, que são identificadas com o Diabo e a Cabra, também existe um nicho com a imagem de Santo António. Do outro lado do Largo, fica o Solar da família Corte Real, que a desgraça um dia atingiu e agora aguarda a sorte de se tornar em Pousada de Portugal. Arquitectura civil residencial barroca da 2ª metade do séc. XVIII, a fachada é enquadrada por pilastras, nela se abrindo número regular e simétrico de janelas; a empresa apresenta-se rematada por cornija que se eleva em recorte para formar o frontão destinado a receber o brasão da família. Só por curiosidade, espreitem a chaminé do edifício, como é de grande dimensão. Ainda no largo, não deixe de olhar as duas janelas manuelinas da sua face norte. E entre na Rua Direita. Vá reparando nos portais de arestas biseladas e nas janelas manuelinas, séc. XVI, de moradas antigas que testemunham grandezas desse século de ouro de Quinhentos, com tão forte marca em Linhares. Na Praça, existe um significativo conjunto de memórias: o pelourinho manuelino, que assinalava um dos poderes consignados no foral: o exercício da justiça. Aqui eram também aplicados, à frente de todos, os castigos corporais ditados pelo juiz aos infractores das leis do Concelho, prática caída em desuso pelo séc. XIV. Com D. Manuel I, a rude coluna medieval ressurge investida de outra simbólica e por isso objecto de aplicado trabalho artístico.
A coroar o Pelourinho uma ornamentação heráldica: a Esfera Armilar e a Cruz de Cristo, símbolos de D. Manuel, colocados em todos os edifícios por este rei mandados construir ou remodelar. O fórum, que foi tribuna para assento dos homens bons do concelho e que, no espaldar da sua sédia maior, tem inscritas antigas armas da vila, a fonte de mergulho, debaixo do terraço do fórum, e ainda a mais recente Casa da Câmara. Na fachada principal, extensa superfície de granito com poucos vãos, sobressaem os poderosos cunhais e a cornija a enquadrá-la, abrindo-se ao centro o portal e a janela de sacada, e por cima as armas reais de D. Maria I (séc. XVIII). O interior organiza-se a partir de um átrio lajeado, de onde arranca a escadaria de acesso ao piso superior. No térreo existiu, conforme o hábito da época, a cadeia. Actualmente é sede de Junta de Freguesia de Linhares. O Solar Brandão de Melo, fica logo a seguir, tem uma arquitectura civil residencial do séc. XIX, de influência neoclássica, no alinhamento urbano, distingue-se um conjunto de construções que conjuga celeiros, cavalariças, provavelmente a primitiva residência senhorial, e logo a seguir é a Capela dos Passos. A Rua Direita inflecte então para a esquerda, deixando, a deslado, a Capela da Santa Eufêmia. Apetece entrar em todas as ruas que dela se desprendem, cada uma delas com as suas memórias. A Rua do Passadiço, que se abre sob o arco da Casa do judeu, com a janela manuelina de maior dimensão, e com a decoração mais elaborada no conjunto dos vãos de Linhares ornamentados ao gosto manuelino. Aos arcos de cortina dobrado e polilobano invertido, juntam-se outros elementos habitualmente presentes nas composições decorativas do manuelino: cordões, rosetas e cogulhos, este arco conduz ao mais elevado Largo de S. Pedro, de onde desce a Rua de S. Pedro, com singular iconografia no lintel de algumas janelas e portas. Agora na Rua do Arco, contém a sugestiva presença de um pórtico de velha residência. A Rua da Igreja abre-se para a praça do mesmo nome, e para ela dá a fachada de um templo barroco que teve fundação românica.
A capela-mor, com altar de talha do início do séc. XVII, as tábuas que ocupam os nichos laterais do retábulo e uma outra num recanto da nave, pintadas no século XVI por homens da escola de Grão Vasco, e as duas capelas laterais, de 1613 e 1651, valem a visita. O solar Pina Aragão, de arquitectura civil residencial, do séc. XVIII/XIX, encontra-se situado na zona mais alta e declivosa da povoação, numa artéria secundária com ligação ao Largo da Igreja. Para além do logradouro confinante com o edifício de habitação, faz parte da propriedade de outro quarteirão, para Este, incluindo vasto espaço hortícola e zona de lazer antes jardinada. Na proximidade é ainda visível uma construção autónoma, com pátio, onde se situavam as cavalariças. Edificada no séc. XVIII, esta casa nobre exibe influência barroca na composição da fachada principal. Atrás da Igreja, fica a fonte de S. Caetano (1890), de boa cantaria de onde se desfruta de uma boa perspectiva sobre o castelo, com duas altíssimas torres que protegem vastos recintos interiores definidos por fortes muralhas. Feitos heróicos de defesa destas terras da Beira ligam-se aos seus alcaides. Do Largo do Castelo pode descer pela Rua da Igreja até ao Pelourinho ou pode descer logo pela Rua dos Penedos até ao Largo da Misericórdia, onde vai encontrar um velho pombal e uma fonte de mergulho com as armas de Linhares. A extinção do concelho de Linhares, em 1855, e a sua integração de vários séculos de grandeza e autonomia, deixou nos seus habitantes, uma certa frustração e desencanto. Linhares da Beira, já se conformou com a ideia de um simples decreto, transformar a antiga e nobre Vila de Linhares numa aldeia perdida na encosta da Serra da Estrela.
Mas, já vai longe, o tempo em que era perdida e esquecida, porque hoje Linhares, é o encanto de milhares de visitantes, que não se cansam, de a visitar inúmeras vezes. É conhecida de Norte a Sul do País, e também digna de constar em todos os roteiros turísticos. Além do simples turista, há a salientar as visitas ilustres que Linhares já acolheu, como Entidades Oficiais do Governo. A população de Linhares da Beira infelizmente é escassa, como acontece em todas as aldeias, vive em função do que a terra lhes dá e da pastorícia. Os mais novos abandonam a povoação, procurando ganhar a vida noutras paragens. Em Linhares conhecem-se essencialmente idosos e alguns adultos, que a saudade obrigou a regressar. O risco de Linhares se transformar, numa aldeia fantasma, já foi mais iminente do que hoje em dia, nesse sentido existe um Plano de Dinamização da Aldeia. Nele inclui-se a Recuperação de Fachadas e Coberturas dos edifícios, que adulteram a beleza da aldeia. Assim este programa, permitirá uma melhoria, em termos estéticos e patrimoniais desta Aldeia Histórica, bem como das condições de vida da população aqui residente. Contribuirá, ainda para a dinamização do centro histórico, na medida em que prevê, que este projecto provoque um aumento do fluxo turístico, com reflexos positivos nas actividades económicas, que aqui já existem, como no surgimento de novos projectos de iniciativa privada. Em termos de infra-estruturas temos a Rede Telefónica e a Distribuição do Sinal TV que pretende, além de uma restauração estética de toda a povoação, optando-se por uma distribuição subterrânea, melhorar significativamente as condições dos actuais e futuros clientes, bem como a qualidade do serviço prestado pela Portugal Telecom.
No âmbito do Programa de Recuperação da Aldeia, temos também em execução os Arruamentos da Aldeia, no sentido de dignificar e valorizar a imagem urbana e dos espaços públicos principalmente uma melhoria geral das condições viárias de acesso e circulação no centro histórico. Será beneficiada directamente, sem sombra de dúvidas, a população residente na área de intervenção como também as diferentes actividades económicas existentes, particularmente as actividades turísticas. Outro grande projecto a realizar é o novo Acesso ao Centro Histórico, tem como finalidade permitir uma melhor circulação em Linhares, ou seja, melhorar os acessos ao Castelo, eliminando assim, o trânsito no Centro Histórico. Actualmente, a circulação de autocarros não é possível, mas será criado um parque de estacionamento automóvel e ainda um parque de autocarros. Esta permite assim, que um vasto grupo de visitantes, desfrute da visita com maior facilidade e comodidade. -Eu sou Alcaide-Mor do Castelo de Linhares. D. Afonso Henriques foi o meu Rei, tive pagens, tive Cavaleiros, honrámos sempre estes montes Hermínios, e tinha saudades do meu povo que se divertia no terreiro. Eu descia do Castelo para os dignificar e com eles caminhar por todo o além-mar, por todos os ares, para que todo o mundo conheça o museu ao ar livre, que é Linhares. Aí a tendes Portugueses, aí a tens povo em geral, para honrar a nossa história repleta de glória em todos os lares, a aldeia de Linhares da Beira para dignificar o turismo nacional.
E aqui estou Portugueses, com uma coragem inabalável, pronto para defender o meu Castelo, como defendi sempre, o defenderei agora; de espada em punho para dar ao testemunho, como o deu o Alcaide Faria, outrora. E para terminar não me chamem o Alcaide impiedoso, porque sou tudo o que resta da batalha de Trancoso." No âmbito deste Programa encontra-se ainda englobadas a recuperação de dois edifícios solarengos "Casa Brandão de Melo" e "Solar Corte Real". É nestes dois espaços que vai nascer a futura Pousada, que será o grande empreendimento de que Linhares necessita para se projectar para o exterior. Mantém-se desta forma a filosofia do programa e traz-se uma mais-valia para o Turismo de Qualidade na região. Este município não violando o Plano da Aldeia pretende fazer as devidas adaptações para que Linhares possa enfim ser uma Aldeia Histórica em Movimento. Até o desporto aventura, encontra em Linhares da Beira, as melhores condições para a sua prática, o desporto radical que é o parapente. Não é de qualquer forma que chamam a Linhares "Capital do Parapente". Existe uma escola de parapente do Inatel, para novos adeptos, desta apaixonante e atraente modalidade. Estes, durante o tempo de aprendizagem, podem ficar alojados no edifício denominado "Casa do Parapentista". Todos os anos, nos finais de Julho ou princípio de Agosto, realiza-se o "Open de Parapente da Serra da Estrela", que atrai multidões. Além de oferecer, momentos de lazer, paisagens de rara beleza, também nos dá a conhecer, a gastronomia Serrana. São eles sabores saudáveis, de uma serra cintilante de várias delícias, onde tudo continua a nascer puro e natural; o leite do famoso Queijo da Serra da Estrela, o requeijão com o doce de abóbora, a castanha, o centeio para o pão e finalmente o Cabrito Serrano.
Pode-se saborear todos estes manjares, nos dois restaurantes da aldeia, nos dois Cafés existentes "petisque", umas chouriças de carne assadas na brasa, e nos artesanatos observe as morcelas a ganhar cor, sobre o lume, e porque não levar algumas para casa, e algum objecto como recordação, que esteve na Aldeia História de Linhares da Beira. Além dos artesanatos também pode fazer algumas compras de artigos regionais, na Mercearia que aqui existe. As gentes de Linhares são imagem viva de simplicidade e hospitalidade, são pessoas que nos olham nos olhos e nos abrem a alma. Marcadas pelo rigor do tempo e pela dureza do trabalho, são pessoas que estão sempre com o "coração aberto" para receber os visitantes, são assim as gentes deste Concelho de Celorico da Beira. Depois de admirar toda a beleza aqui existente, de saborear todas as delícias da região, de ver todos os projectos que estão realizados e outros que vão realizar-se, podemos constatar, com os nossos próprios olhos que o desenvolvimento desta aldeia, não é um sonho mas sim uma realidade. Pode-se dizer, que vale a pena viver numa aldeia como Linhares, que é um autêntico Museu ao ar livre.
Fonte: www.cm-celoricodabeira.pt
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