O Mosteiro de Sacaparte, está localizado na Freguesia de Alfaiates, Concelho do Sabugal, Distrito da Guarda, Portugal.
O Mosteiro de Sacaparte fica a cerca de 2, 3 quilómetros do centro de Alfaiates. Embora totalmente em ruínas, apresenta ainda as fachadas em muito bom estado de conservação, e não seria de todo, muito dispendioso a sua total recuperação. No espaço tem a igreja, o cruzeiro, fontanários e alpendres para realização de feiras. Local isolado, embora aprazível para uma caminhada à descoberta do Dólmen que fica ali nas imediações, ou simplesmente para um pic-nic em familia. Tem churrasqueira com lavatório, água potável, mesas, e muito espaço ao ar livre para desfrutar, ou mesmo coberto em caso de chuva.
O Mosteiro de Sacaparte fica a cerca de 2, 3 quilómetros do centro de Alfaiates. Embora totalmente em ruínas, apresenta ainda as fachadas em muito bom estado de conservação, e não seria de todo, muito dispendioso a sua total recuperação. No espaço tem a igreja, o cruzeiro, fontanários e alpendres para realização de feiras. Local isolado, embora aprazível para uma caminhada à descoberta do Dólmen que fica ali nas imediações, ou simplesmente para um pic-nic em familia. Tem churrasqueira com lavatório, água potável, mesas, e muito espaço ao ar livre para desfrutar, ou mesmo coberto em caso de chuva.
HISTÓRIA:
Localização: Alfaiates - Sacaparte
Descrição: Conjunto constituido pela igreja, antiga albergaria adossada, ruinas das dependências conventuais, alpendres de feira, cruzeiro, chafariz, fonte de mergulho e palheiro rústico.
IGREJA: de planta longitudinal, composta por dois rectângulos justapostos, com anexo de planta rectangular adossado a Sul. Cobertura diferenciada a duas águas. Fachada principal voltada a Oeste desnivelada, com embasamento proemimente, dividida em dois pisos, tendo, no primeiro, portal de lintel recto com pilastras molduradas, encimado por friso desenvolvendo dois motivos voltados simulando frontão que enquadra nicho e marco pleno com abóbada de concha. No segundo,janelão de lintel recto, com peitoril assente em duas mísulas. Remate em empena, com cornija. Alçado N. com embasamento proeminente na nave. Apresenta "janela-oratório" em ressalto, planta trapezoial, adossada à nave, com três janelas de lintel recto com molduras curvilíneas divididas por colunas de capitel compósito, tendo remate com cornija saliente decorada com denticulos e coroamento piramidal. Num segundo registo, duas janelas de lintel recto e moldura simples na nave, uma delas entaipada e janela idêntica na capela-mor. Remate em cornija. Contraforte no cunhal com esbarro em bisel. Alçado S. sem embasamento, tendo na zona da capela-mor, num primeiro registo, vãos de lintal recto com capialço e, no segundo, duas janelas de lintel recto e moldura simples. Remate em empena, com cornija. No cunhal, existem vestígios de marca de arranque de construção. Ao corpo da nave, adossam-se o anexo e sacristia, que , no primeiro piso são rasgados por porta de lintel recto e moldura simples, enquanto o segundo possui fresta e três janelas idênticas. Alçado E. sem embasamento, cego, com remate em cornija. A meia altura, surgem duas misulas.
INTERIOR:
De três naves, formando quatro tramos, divididas por quatro arcos formeios de volta perfeita, assentes em pilares de secção quadrada até um terço da sua altura, sendo depois de secção octogonal. Coro-alto com balaustrada de madeira assente sobre arco abatido e dois arcos plenos. É iluminada, no lado do Evangelho por janela e "janela-oratório". Aí surge o púlpito, assente em mísula voltada No lado da Epistola, três portas entaipadas. Dois retábulos laterais de talha dourada e policromada. Pavimento em lajeado e cobertura em falsa abóbada de berço, de madeira. Arco triunfal de volta perfeita encimado por óculo oval, acede à capela-mor, iluminada por três janelas, duas no lado da Epístola. Porta em arco pleno, com duas arquivoltas, acede à sacristia. Pavimento lajeado e cobertura em falsa abóbada de berço, em madeira pintada com motivos vegetalistas estilizados. Retábulo-mor em talha dourada e policromada.
Com planta rectangular, a que se adossam dois corpos, um correspondente à cozinha, de planta rectangular, adossado a E., e vestígios de outro corpo similar, a O.. Ausência de cobertura. Vãos de lintel recto com moldura simples. Alçado E. divide-se em três pisos, com embasamento biselado, o primeiro com duas portas, o segundo com cinco janelas e, no terceiro, janela de sacada com varanda apoiada em três mísulas volutadas, porta e cinco janelas de peitoril. Visivel o arranque do cunhal correspondente ao corpo que estaria adossado. remate em cornija.
Corpo da cozinha com dois panos delimitados por pilastras, tendo, no primeiro piso, fresta. remate tripartido com cornija. Corpo da chaminé encimado por pequeno balcão apoiado em mísulas semi-circulares, rematado por miniatura de casa e cobertura a quatro águas em cantaria. Alçado O. sem embasamento, com três pisos separados por friso, sómente na zona de arranque de outro corpo, sendo o primeiro rasgado por porta, o segundo por duas portas, com abertura sobre lintel, e quatro janelas, duas delas entaipadas, tendo o terceiro piso parcialmente ruído, com vestígios de quatro portas. Alçado N. sem embasamento, com dois pisos, o primeiro com porta, elemento que se repete no segundo. Marca do arranque de corpo circular em todo o pé direito. No corpo da cozinha, surge uma janela, ao nivel do segundo piso. Alçado S. sem embasamento, com dois pisos, o primeiro com duas janelas e o segundo com janela de sacada com varanda apoiada em três mísulas voltadas e porta. O corpo da cozinha tem, no primeiro piso, janela, sendo separado do segundo por friso com gárgula semi-circular. A este corresponde o corpo da chaminé. remate em cornija.
No INTERIOR, não existem as estruturas correspondentes aos pisos. Surgem dois compartimentos, que antecedem arco abatido de acesso à cozinha. Esta integra lavabo com tanque em forma de concha, encimado por carrancas e jarrões e rematado por friso coroado por pinha e volutas. Um púlpito surge na zona do refeitório, com porta em arco abatido e base do balcão apoiada em mísula volutada.
CRUZEIRO com soco constituido por quatro degraus circulares com focinho saliente, coluna de fuste circular com base anelada, capitel compósito decorado com folhas de acanto, encimadas por quatro cabeças de anjo e quatro quadrifólios. Cruz de hastes rectilíneas com figuração rudimentar de Cristo, apresentando crânio de Adão na base e sendo rematada pela cartela com a inscrição "INRI".
ALBERGARIA de planta rectangular, com cobertura homogénea a três águas. Fachada principal voltada a N., apresentando embasamento proeminente. Divide-se em dois panos demarcados por pilastras, que evoluem em dois pisos. No primeiro, dois arcos plenos, um deles entaipado e, no superior, duas janelas de lintel recto, com moldura simples e peitoril moldurado, uma delas entaipada. Remate em cornija. Alçado O. com embasamento proeminente, tendo, no primeiro piso, porta de lintel recto, entaipada e, no segundo, três janelas de lintel recto e moldura simples, uma delas entaipada. Remate em cornija. Alçado S. sem embasamento, tendo, no primeiro piso, porta de lintel recto e moldura simples entaipada, sendo o segundo cego. Alçado E. sem embasamento, rasgado no primeiro piso por fresta, sendo o superior cego.
No INTERIOR, o primeiro piso divide-se em dois compartimentos, com pavimento em terra batida e cobertura em abóbada de aresta, de tijolo, numa delas, e tecto plano em betão. O segundo piso tem igualmente dois compartimentos e cozinha, com pavimento cimentado e cobertura em vigamento de madeira, que sustenta o telhado.
ALPENDRES DE FEIRA:
Delimitam o recinto no lado Sul, existindo ainda um pequeno conjunto no lado Oeste, ladeado por construção em betão. De planta rectangular, apresentam, no alçado posterior, muro contínuo em alvenaria de granito e, no alçado principal, bancadas contínuas, onde assentam pilares de secção octogonal com capitel de igual secção, que sustentam cobertura a uma água, com telha de canudo.
Utilização Inicial
Cultural e devocional: convento (possuia 3 feiras anuais, coincidindo com as festas da Anunciação, Natividade e Assunção; romaria anual com procissão.
Cronologia:
Época visigótica - hipotética edificação de capela local, aspecto relacionado com várias lendas;
Séc. 14 - hipotética reconstrução de capela dedicada a Nossa Senhora de Sacaparte, por iniciativa de D. Dinis; a partir desta época a igreja pertenceu ao padroado real;
1332 - taxação em 8 libras;
1603 - D. Filipe I teria mandado edificar um hospital e casa de hospedaria;
Séc. 18, início - a igreja era administrada pela Câmara de Alfaiates, que nomeava o Ermitão e Mordomo;
1721 - possuía hospital e casa de romagem ou hospedaria.
1726 - fundação do convento pelos frades da Ordem dos Agonizantes e (segundo Memória Paroquial) pelos Confrades de Nossa Senhora de Alcante da Fornina, sujeitos ao Ordinário; início das obras do convento.;
1751 - agregação dos 25 religiosos à Ordem dos Clérigos Regulares de São Camilo de Lellis, vocacionada para serviços de apoio a doentes e peregrinos;
1752 - abertura de seminário e estabelecimento de ensino médio;
Séc. 19 - proibição episcopal de romaria, que integrava homens a cavalo, nús da cintura para cima, que percorriam o recinto com tochas nas mãos;
1834 - com a extinção das ordens religiosas, o convento torna-se posse de um particular (familia Camejo), que o comprou por 800 mil réis, cercando-o com muro alto; do convento restava dois pisos, com cozinha e refeitório no primeiro, sendo dormitório no superior;
Séc. 19 meados - D Bernardo Beltrão Freire, bispo de Pinhel, proibiu a procissão.
1885 - aprovação dos estatutos da Irmandade de Nossa Senhora do Carmo; realização de algumas obras na igreja;
1996, 7 Outubro - despacho do Ministério da cultura a classificar o convento como IIP.
Tipologia
Arquitectura religiosa, barroca, popular.
- Igreja de planta longitudinal, com três naves, arcos formeiros de volta perfeita, assentes em pilares conjugando secção quadrada e octogonal. Coro-alto assente sobre arco abatido. Talha retabular ecléctica de inspiração rococó.
- Ruínas do convento, com vãos de lintel recto e moldura simples, janelas de sacada apoiadas em mísulas voltadas.
- Cruzeiro de caminho, com degraus circulares, com base quadrangular e fusta circular, com cruz com imagem de Cristo esculpida.
Características Particulares
"Janela-oratório" de planta trapezoidal, em ressalto, com coroamento piramidal, adossada à nave. Contraforte no cunhal com esbarro em bisel. Abóbada de aresta em tijolo na antiga albergaria. Mantêm-se as estruturas da antiga albergaria adossada, ruínas das dependências conventuais, alpendres de feira, cruzeiro, chafariz, fonte de mergulho e palheiro rústico.
Dados Técnicos
Estrutura mista; abóbada de berço, abóbada de aresta.
Materiais
Granito; madeira; cantaria, alvenaria; aparelho isódomo; revestimento inexistente e reboco; telha de aba e canudo.
Intervenção Realizada:
Comissão de festas de Nossa Senhora de Sacaparte:
1980/1990 - beneficiação da igreja e antiga albergaria: reparação dos rebocos exteriores e picagem dos rebocos interiores, reparação da cobertura, execução de instalação sanitária e chaminé na antiga albergaria;
1991 - iluminação do recinto.
Observações:
1 - A romaria agradecia a protecção da Virgem na luta contra os castelhanos, destacando-se, na procissão, o desfile dos homens em tronco nu, denominados localmente como encoirados, encaçapos, pelados ou encarrapatos. Existem várias lendas relativas ao nome do Convento, uma delas referindo a batalha em que D. Sancho de Castela desavindo com um fidalgo castelhano (Álvaro Nunes de Lara) travam uma batalha em Portugal, clamando a população local que "sacai-nos a boa parte", ou seja que os livrasse dos malefícios da guerra; outra lenda refere que o fidalgo, durante a batalha, invocara Nossa Senhora, clamando "sacai-nos a boa parte"; daí, o nome Sacaparte.
Fonte: IPPAR - Instituto Português do Património Arquitectónico
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