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LAMEGO - VISEU


Apontamento AuToCaRaVaNiStA:
Lamego é uma cidade Portuguesa, pertencente à Região de Trás-os-Montes e Alto Douro Distrito de Viseu.
A visita logo pela manhã, foi conduzida pelo grupo de escuteiros (49) de Lamego, que amavelmente nos mostraram a sua sede nas instalações do castelo, e honraram-nos com o hastear da Bandeira de Portugal na torre do castelo, por uma elemento do nosso staff. O acesso faz-se por uma escada convencional através de uma escotilha que desemboca no cimo da torre onde está o mastro da bandeira. Lá do alto tem-se a visão geral da Cidade.




                 HISTÓRIA:
À época da Reconquista cristã da península, a povoação foi inicialmente tomada por Ordonho II da Galiza (910). Posteriormente seria reconquistada (997) pelas forças de Almansor, califa de Córdova, que a manteria até ao século XI. Foi tomada com dificuldade por Fernando Magno aos muçulmanos (29 de Novembro de 1057), o que demonstra o valor da sua fortificação à época: E, pero que a cidade era mui forte, foy cercada em redor. E tantos engenhos e Castellos de madeira lhe pos e tã ryjo a cõbateo que a tomou per força. (Crónica Geral de Espanha, 1344).

Os domínios da povoação e seu castelo foram doados como dote a D. Teresa de Leão quando do seu casamento com D. Henrique de Borgonha, passando a integrar os domínios do Condado Portucalense. Com a independência de Portugal, foram doados aos Mendes, senhores de Bragança. Na campanha construtiva que se desenvolveu na segunda metade do século XII, à qual devemos a torre de menagem e a alcáçova, foram mantidas as muralhas, desprovidas de ameias, e a cisterna, erigidas pelos muçulmanos no século XI.

No reinado de D. Sancho II (1223-1248), Abril Peres de Lumiares foi alcaide do castelo até 1245. Acredita-se que a partir das Inquirições de 1258, sob o reinado de D. Afonso III (1248-1279), tenha sido erguida a cerca da vila.
Nos séculos XIV e XV a vila prosperou graças à manufatura de tecidos, com uma feira anual de expressão regional. Nesse período foram alcaides do castelo os Coutinhos, entre os quais se notabilizou Gonçalo Vasques Coutinho, alcaide também do Castelo de Trancoso, que durante a crise de 1383-1385, tomou partido pelo Mestre de Avis. Ao final do período, D. Francisco Coutinho, 4° conde de Marialva, fez rasgar a meio da torre, uma janela de assento.


Após um breve período de recessão econômica durante o século XVI, o comércio de vinho trouxe uma nova prosperidade à região no século XVII, o que é perceptível pela construção de grande número de solares em Lamego. Neste período, a Porta da Vila era formada por um arco com duas torres, onde estava um sino que servia de relógio. A Casa da Câmara era então um antigo baluarte alpendrado, com colunas de pedra lavrada e uma torre. Um segundo baluarte era então designado como Castelinho (1730), e promoveu-se a limpeza da antiga cisterna (1749), posteriormente fechada por questões de segurança (1758).
Nota do AuToCaRaVaNiStA: Infelizmente a Cisterna é propriedade privada (vá-se lá saber porquê!!) e está fechada ao público.
O castelo ergue-se em posição dominante sobre a cidade, em um monte de afloramentos de granito e xisto, na cota de 543 metros acima do nível do mar. Apresenta planta poligonal irregular, orgânica (adaptada ao terreno), no estilo românico e gótico.
Além da cerca interna, percorrida por adarve, onde estão compreendidas a alcáçova, dominada pela Torre de Menagem, uma cerca externa circunda o conjunto em cota inferior.
Na Taberna em Lamego
O Fumeiro de Lamego
O conjunto era acessado por duas portas: a Porta do Sol, a sul, e a
Porta da Vila (Porta dos Figos, do Aguião, do Norte ou dos Fogos), a norte, flanqueada por dois cubelos, um de planta quadrada e outro, circular.


A torre de menagem, de planta quadrangular, descentrada a oeste na praça de armas, divide-se internamente em três pavimentos, com pisos e escadas de madeira, iluminada por frestas, algumas das quais transformadas em janelas ao final do século XVI. Era originalmente acedida por porta elevada a cerca de 2 metros acima do solo. Atualmente existe porta ao nível do pavimento térreo. É encimada por ameias.



Extra-muros ergue-se a antiga cisterna de pedra lavrada, com as dimensões aproximadas de vinte metros de comprimento por dez de largura.
O teto é abobadado com ogiva nervada sustentadas por quatro arcos apoiados em pilares. Acredita-se que seja um dos exemplares mais bem conservados no país.
As lendas da moura Ardínia





Ao tempo do domínio muçulmano em Lamego, vivia no castelo uma princesa moura, de nome Ardínia, filha do governante, que se enamorou de um cavaleiro cristão, Tedom Ramires. Tendo combinado ambos o casamento e a fuga para terras cristãs, assim o fizeram. O pai da jovem, entretanto, logrou alcançá-la na ermida de São Pedro, junto ao rio Távora, quando a jovem acabara de se converter à fé cristã, sendo pelo próprio pai afogada nas águas desse rio. O cavaleiro enamorado, ao saber destas novas, fez voto de nunca se casar, vindo a ser morto em combate com os muçulmanos, junto ao rio Tedo, que por isso tomou o seu nome. (in: Pinho Leal. Portugal Antigo e Moderno. 1874)

Uma outra versão refere que, à mesma época, era senhor do castelo um rei mouro de nome Alboacém., pai de uma linda princesa de nome Ardínia. A beleza da jovem era tal que seduziu imediatamente o cavaleiro cristão Tedon, bisneto de Ramiro II de Leão, quando um dia, disfarçado, veio a Lamego. O primeiro encontro entre Tedon e Ardínia aconteceu no laranjal do castelo numa noite de luar. Com o suceder dos encontros secretos, a paixão proibida entre os dois jovens aumentou a ponto de decidirem fugir para o convento de São Pedro das Águias, onde o Abade Gelásio os casou. O pai da princesa, entretanto, ciente da fuga, procurou-a por toda a parte, vindo a encontrá-la refugiada naquele convento, onde a matou. Até hoje se afirma na região que, quando o castelo é envolvido pelo nevoeiro no Inverno, a alma da princesa esvoaça sobre ele.

A História do Concelho:
A origem de Lamego perde-se na longevidade da História de Portugal... A formação do topónimo Lamego desde sempre foi alvo de muitas teorias. Segundo alguns autores, o topónimo terá sido construído a partir do radical lígure lam, ao qual um gentílico terá juntado o sufixo aecus, resultando Lamaecus, tendo sido o primeiro possessor de um fundo agrário; para outros, Lamego terá tido origem na povoação greco-celta Laconimurgi; ainda existe a teoria baseada na referência de urbs Lemacenorum da autoria de Ptolomeu, do século II. Porém, a questão da toponímica de Lamego continua ainda hoje por desvendar, na medida em que são apresentadas diversas propostas, no entanto não existem provas em concreto! A verdade é que por Lamego passaram diversos povos, entre outros, Língures, Túrdulos, Iberos, Romanos, Lusitanos... deixando cada um deles a sua "marca" pessoal, por vezes benéfica e por outras um pouco destrutiva.




Inicialmente, Lamego teria sido um castro ( fortificação ), que mais tarde foi conquistado e romanizado; aliás, há notícia de vestígios físicos do processo de romanização, nomeadamente aras, estelas, cipos, entre outros. No século VI, Lamego, sob a dominação dos Suevos, sobressai como bispado no Concílio de Lugo (569), tendo como soberano o Rei Teodomiro. Aliás, entre 584 e 688, a Catedral esteve sempre representada nos Concílios, como se pode provar pelas actas dos mesmos.


Entretanto, toda a Lusitânia foi dominada pelos árabes, tendo sido destruídas imensas cidades, incluindo Lamego. No entanto, entre 750 e 870, Lamego ressurge das cinzas, assumindo-se como sede de valiato de fronteira. Em finais do século X, a cidade é novamente destruída pelo caudilho Almansor, que terá residido em Lamego, o qual terá dado origem a uma das lendas mais características da cidade: a lenda da Princesa Ardínia. Só a 29 de Novembro de 1057 é que Lamego é reconquistada definitivamente aos Mouros por Fernando Magno, mas a diocese só será igualmente restaurada a 1071, por iniciativa de D. Sancho e D. Elvira (filhos de Fernando Magno). No alvorecer da nacionalidade, em 1128, é concedida a Egas Moniz a tenência de Lamego.

Segundo a tradição, as primeiras cortes do reino de Portugal ter-se-ão reunido em Lamego, na Igreja de Santa Maria de Almacave, entre 1142 e 1144, onde D. Afonso Henriques terá sido coroado Rei de Portugal, pelo arcebispo de Braga. Esta lenda, tal como muitas outras, foi utilizada para justificar a nacionalidade portuguesa, aquando da Restauração em 1640. Em 1191, D. Sancho concede carta de couto a Lamego, posteriormente a carta de feira anual é concedida por D. Dinis a 10 de Julho de 1292.


Em finais do século XIV, denota-se claramente o progresso e crescimento do bispado de Lamego. Entre 1551 e 1569, D. Manuel de Noronha, bispo de Lamego, ocupou-se dos destinos deste bispado, aliás, com ele, irá começar verdadeiramente o culto a Nossa Senhora dos Remédios (Romaria de Portugal). A prosperidade de Lamego é notória, o vinho começa a ganhar mais fama, e toda a economia se desenvolve, tanto que no século XVIII é realçada como famoso centro vinícola. No século XIX, Lamego perde a capital de distrito a favor de Viseu, suscitando grande revolta entre os Lamecenses. Já no presente século, Lamego tentou reverter a situação, mas novamente o pedido não foi aceite.
Fontes: Grupo 49 Lamego, e Wikipédia

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