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ALCÂNTARA - ESPANHA



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Ponte de Alcântara
Chegada pela Manhã a Alcântara, visita à cidade e centro histórico. Almoço dentro do Parque do Mosteiro D. Benito de Alcântara, que à altura estava em obras de remodelação. Como tenho repetido sempre que encontro imóveis de interesse histórico em obras, e comparando com as obras feitas de igual modo em Portugal, as diferenças são muitas, e sempre dando crédito aos métodos adotados em Espanha de recuperar a traça original dos monumentos, relativamente a Portugal, que opta pelo mais fácil e mais barato, mas com a agravante de não respeitar o original. Finalmente a entrada em Portugal, atravessando a famosa e impressionante ponte Romana, e da qual se dá destaque já a seguir.


             HISTÓRIA:
É indescritível a impressão que produz a ponte, monumento sem par no mundo entre os do seu género e época, cuja grandiosidade apenas somos capazes de compreender. O assombro que causa contemplar a ponte desde cima, sendo imenso, não é comparável ao que produz vista debaixo, desde a orilha do rio. Pilares e arcos alçam-se no espaço com arrogância e firmeza inverosímeis, criando naquele que os contempla o duplo complexo da pequenez e da grandeza humana, porque se sente insignificante junto a aquela mole de pedra e orgulhoso ao pensar que é obra do homem. Esta imensa mole de pedra granítica, foi concluída entre os anos 105 e 106 da nossa Era. Fez-se a expensas de onze municípios da Lusitânia, sob a direcção de Cayo Julio Lacer, reinando Trajano, na via de Norba (Cáceres) a Conimbriga (Condeixa-a-Velha). Salva com só seis arcos os 194 metros de comprimento do profundo barranco que o rio Tejo abre entre os penhascos de um lugar donde não houve cidade romana e cavalga entre dois recodos do caudal do rio que atenuam o ímpeto da corrente, mas donde a acumulação de agua impede multiplicar os pilares. A cota de la via e as grandes crescidas obrigaram a descomunal altura de 48 metros para os dois arcos centrais que com a sua grande largura de 27,34 e 28,60 metros ocupam o caudal das águas e deixam fácil passo à corrente; de 24 metros os seguintes e tão só de 18,47 os laterais, formam seguro contraforte da pressão do central. A Altura total é de 71 metros. Na ponte há um tabuleiro de mármore com inscrição do ano de 105 a 106 de J. C. dedicada a Trajano, e mais outras duas onde aparecem os nomes dos municípios da Lusitânia que contribuíram para a obra, Igaeditani, Lancienses, Oppidani, Talori, Interannienses, etc., o que demonstra que a ponte não foi obra do estado, mas sim comunal. No lado esquerdo da ponte há uma inscrição que diz que foi o arquitecto Cayo Julio Lacer que edificou esta ponte e que diz "que esta ponte durará tanto quanto o mundo durar". Ponte Romana de Alcântara concluída entre 105 a 106 DC e dedicada a Trajano

Acima da ponte, no leito do rio, encontra-se uma barragem hidroeléctrica , a mais importante, no seu tempo, da Europa Ocidental (3 162 milhões de m3). A superfície inundada é de 10 400 há e a longitude do açude é de 91 km. Desde o século XIII até hoje, um dos arcos foi várias vezes cortado nas guerras e reconstruído depois. Em 1475, nas lutas de Castela e Portugal, quando pensavam derruba-lo para evitar que Alfonso V o cruzasse, se salvou pela galhardia do português que mandou dizer a seu inimigo o duque de Villahermosa que ele daria um rodeio, pois "não queria o reino de Castela com menos aquele edifício". Mais tarde foi recomposto por Carlos V em 1543 desfigurando o perfil do arco central, depois por Carlos III e novamente, em 1860, por dona Isabel II. Nesta última restauração, séc. XIX, taparam-se as juntas das pedras. A sua situação junto ao rio Tejo, e sua proximidade à fronteira portuguesa, serão dois factores determinantes de seu passado histórico e artístico. Conservam-se magníficas obras artísticas que abrangem desde os tempos pré-históricos até a Idade Moderna, por isso Alcântara pode considerar-se como uma população excepcional, por conter um rico património artístico. Foi o berço de São Pedro de Alcântara, místico reformador da Ordem Franciscana.

A existência de grupos populacionais nas suas imediações durante a pré-história nos o certifica o achado de sepulcros megalíticos e um povoado fortificado da Idade do Ferro. Durante a dominação romana se levará a cabo uma importante empresa construtiva, como é a realização de uma ponte sobre o rio Tejo. Esta ponte comunicava vários municípios do norte do Tejo com a região do sul. No entanto não parece que seja até a dominação árabe quando se estabeleça na actual Alcântara um grupo populacional permanente, então denominada "Cántara-as-Saif" (ponte da espada), que teria como missão principal o controlar o passo pela ponte.

 
Durante a Reconquista, Alcântara foi um ponto muito cobiçado, devido a sua situação estratégica e pela presença da ponte, com o qual se controlava a passagem de exércitos e ganhos. Após uma etapa de instabilidade, na qual passou sucessivamente a mãos cristãs e muçulmanas, será definitivamente conquistada por Alfonso IX de Leão em 1213 e, após pertencer à Ordem Militar de Calatrava, será cedida em 1218 à Ordem Militar de São Julião de Pereiro, que transladarão a Alcântara sua Casa matriz e mudarão sua denominação pela de Ordem Militar de Alcântara. Devido a seu lugar fronteiriço com Portugal, Alcântara foi palco de numerosos eventos bélicos durante os séculos XVlI e XVIII, chegando as tropas portuguesas a ocupar a praça em diversas ocasiões. Esta breve revisão do passado histórico da população, permite-nos compreender a existência de uma série de construções significativas, pelas quais podemos comprovar o papel histórico que desempenhou Alcântara. Provavelmente a ponte romana, os restos da muralha árabe, a presença da Conventual de São Benito, casa matriz da Ordem de Alcântara, a existência de numerosos palácios senhoriais e as reformas efectuadas nos tempos modernos da primitiva muralha, sejam os principais elos do seu passado histórico.

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